A reportagem de O Jornal de Hoje
acompanhou o dia a dia de um deficiente visual durante o deslocamento de sua
residência, no bairro da Cidade da Esperança até o centro comercial do Alecrim.
Logo no encontro, o primeiro
obstáculo se coloca diante de José Ivanildo Silva, de 37 anos. O ponto de ônibus próximo a Rodoviária de
Natal, na avenida Capitão Mor Gouveia, onde funcionava uma antiga estação de
transferência não foi adaptada para garantir acessibilidade a quem tem algum
tipo de deficiência. A calçada é alta e os ônibus, às vezes, param distante
dela, o que dificulta o acesso das pessoas ao transporte. Ele lembra que já
perdeu uma bengala nesta parada. “Quando o ônibus parou uma pessoa, na pressa
por pegar o ônibus, chutou a minha bengala pra debaixo do ônibus e o motorista
não viu e passou por cima”, relatou.
“É comum termos que descer a
calçada para subir no ônibus. Imagino que isso deve ser complicado para quem
enxerga, quem dirá para quem não consegue ver nada. Alguns motoristas têm
paciência, outros nem tanta. E é assim, em meio as dificuldades, que pegamos os
ônibus aqui nessa parada, bem como em outras que apresentam as mesmas
dificuldades”, disse. Além disso, como não enxerga, José Ivanildo depende das
pessoas para informar quando o ônibus que ele deseja pegar chega à parada. “Os
ônibus poderiam ter algum tipo de sonorização para que, quando parassem,
identificássemos sem precisar da boa vontade de alguém”.
No caminho até o centro
comercial do Alecrim, José Ivanildo, que nasceu no município potiguar de
Angicos e há cinco anos mora em Natal, conta um pouco da sua história. Cego
desde que nasceu, José Ivanildo veio para a capital para estudar e hoje ganha a
vida como músico. Ele toca sanfona, teclado, violão e zambumba, além de cantar
em um trio formado apenas por deficientes visuais. “Nunca vi nada, daí
conseguimos nos acostumar desde cedo. Não ver nada é normal para mim assim como
ver as coisas é normal para as demais pessoas. Quando não enxergamos
desenvolvemos as outras habilidades. O fato de ser deficiente físico não é
empecilho para nada. Acredito que desenvolvemos muito mais rápido e audição
fica bem mais aguçada, o que ajuda na minha profissão. Afinal, música não
requer visão e, sim, audição”, destacou.
Com seis irmãos, José Ivanildo
foi o único que nasceu cego, mas nem por isso levou uma vida diferente das
demais crianças de Angicos. “Minha infância foi tranquila. Me diverti e
brinquei como qualquer outra criança, inclusive jogando bola. Não tinha como
esquecer que era cego, até porque isto é o que eu vivo desde que nasci. Como
não conheço o sol, nem a lua, o claro ou o escuro, distingo se está de dia ou
de noite pelo calor”, destacou.
Quando morava em Angicos, José
Ivanildo tinha a mãe, os irmãos e sobrinhos como guias. Aqui em Natal, o
desafio é maior, pois ele mora sozinho e tem que caminhar e enfrentar os
desafios da cidade grande sem os parentes. “Levo uma vida normal como qualquer
outra pessoa. Resolvo meus problemas sozinho, sem precisar de ninguém. Se me
der o endereço com o ponto de referência eu chego em qualquer local de Natal
sem problema nenhum.
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