A Operação Elementar está
entre as vertentes de investigação da Operação Miqueias. As duas estão sendo
executadas hoje (19) pela Polícia Federal (PF) para prender uma quadrilha
especializada em lavagem de dinheiro, com origem em crimes como desvio de
dinheiro público, corrupção, peculato e tráfico de drogas. As duas organizações
criminosas envolvidas eram chefiadas pelos mesmos integrantes. Por esse motivo,
as operações tiveram de ser feitas de forma simultânea.
De acordo com os investigadores,
a quadrilha lavou cerca de R$ 300 milhões, dinheiro de origem criminosa.
Desses, R$ 50 milhões tiveram como origem a má aplicação intencional de
recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social
administrados por prefeituras. O golpe incluía a compra de papéis de títulos
podres de empresas próximas à falência ou sem condições de arcar com os
vencimentos. As autoridades envolvidas, responsáveis pela gestão desses fundos,
recebiam uma parcela do valor aplicado nos títulos podres.
Entre as prefeituras
envolvidas no caso estão as de Manaus, Ponta Porã e Murtinho (MS), Queimados
(RJ), Formosa, Caldas Novas, Cristalina, Águas Lindas, Itaberaí, Pires do Rio e
Montividiu (GO), de Jaru (RO), Barreirinhas, Bom Jesus da Selva e Santa Luzia
(MA).
De acordo com o
superintendente da PF no Distrito Federal, delegado Marcelo Mosele, “as chefias
das duas organizações criminosas estavam sediadas em Brasília”, cidade onde
vivem quatro policiais e dois delegados da Polícia Civil investigados, bem como
lobistas e doleiros que participaram do esquema. A PF não informou quais deles
seriam os chefes da quadrilha.
Nos casos que envolveram
recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social, os
investigadores identificaram que havia “uma gerência muito grande dos
prefeitos” na aplicação dos fundos que, em geral, são geridos por pessoas
nomeadas por eles. Para fazer a lavagem de dinheiro, foram usados mais de 30
empresas de fachada e 35 laranjas. O dinheiro era sacado por 11 pessoas – sete costumazes e quatro habituais.
Coordenadora da Operação
Miqueias, a delegada federal Andrea Pinho disse que até o momento foram feitas
17 prisões: 14 em Brasília, uma em Goiás e duas no Rio de Janeiro. Ao todo,
foram escalados mais de 300 policiais para cumprir 102 mandados judiciais, sendo
75 mandados de busca e apreensão, cinco prisões preventivas e 22 prisões
temporárias em dez unidades federativas: o Distrito Federal, São Paulo, o Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, o Maranhão, o
Amazonas e Rondônia.
“Só no DF cumprimos 38
mandados de busca e tivemos cinco carros de valor considerável e uma moto
apreendidos. Tanto a quadrilha que fazia lavagem de dinheiro quanto a que
aplicava o golpe nos [fundos] previdenciários tinham os mesmos líderes,
detentores de um patrimônio valiosíssimo que incluía uma lancha de
aproximadamente R$ 5 milhões, lojas e carros de luxo, entre eles uma Ferrari”,
disse a delegada. Segundo ela, a lancha apreendida “é provavelmente uma das
maiores a circular no Lago Paranoá”, em Brasília.
A Operação Elementar é uma
sequência da Operação Tucunaré, feita em 2008. Nela, a Polícia Civil investigou
lavagem de dinheiro e evasão de divisas por doleiros. Na época, a Polícia
Federal participou das investigações, durante as quais foi gravada conversa
entre o doleiro Fayed Trabously e o policial aposentado Marcelo Toledo Watson,
um dos investigados na Operação Caixa de Pandora.
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