Foto: Carlos Ivan / Agência O Globo
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O Brasil subiu um degrau no novo ranking do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado nesta quinta-feira pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O país ocupa agora a
79ª posição (junto com Geórgia e Granada) numa lista que inclui 187 nações. O
IDH está em 0,744, o que mantém o Brasil na categoria de alto desenvolvimento
humano, onde também estão outros emergentes como Rússia, China, Turquia e
Uruguai. Pelos critérios da ONU, quanto mais próximo o indicador estiver de 1,
maior é o desenvolvimento humano.
De acordo com o Relatório de
Desenvolvimento Humano (RDH) 2014, o Brasil avançou graças, principalmente, ao
aumento da renda e da expectativa de vida da população. O documento aponta que
a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita do país subiu de US$ 14.081 em 2012
para US$ 14.275 em 2013, enquanto a expectativa de vida aumentou de 73,7 anos
para 73,9 anos no mesmo período. O ranking do IDH divulgado em 2014 é relativo
ao ano de 2013.
Já os indicadores de educação,
que provocaram polêmica com o governo no ano passado, ficaram estáveis. A
expectativa de anos de estudo (que significa quanto tempo se espera que uma
criança ficará na escola) se manteve em 15,2 anos e a média de anos de estudo,
em 7,2 anos. No entanto, o Pnud fez questão de destacar que isso não significa
que o Brasil não fez avanços nesse campo.
— O Brasil avançou nas três
áreas que compõe o IDH (saúde, educação e renda), mas isso não apareceu na
educação porque as bases de dados ainda não captaram essas mudanças — explicou
a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andréa Bolzon.
Segundo o cientista político
Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade
(Iets), apesar de o Brasil conseguir avançar nas três dimensões medidas, ainda
encontra dificuldade de dar saltos qualitativos.
— Estamos numa armadilha da
renda média. Temos uma renda relativamente alta em relação a países africanos,
nossa mortalidade infantil melhorou, as crianças estão na escola, mas o
problema é como passar a ter educação de qualidade, como dar o salto — avalia.
No ano passado, o governo
brasileiro fez duras críticas ao relatório e à colocação do Brasil no ranking
do IDH, porque os dados de educação que haviam sido usados para calcular o
índice eram de 2005. A reação do Palácio do Planalto chegou a fazer com que,
pela primeira vez, o Pnud recalculasse o IDH do Brasil informalmente para
acalmar os ânimos. Este ano, os dados de educação vieram da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012.
Em 2013, o IDH do Brasil
deixava o país em 85º lugar no ranking de desenvolvimento humano. Recalculado
pelo Pnud, o indicador passou o Brasil para a 69º posição, mas como a conta era
informal, não alterou o relatório.
CRESCIMENTO SUSTENTADO: EVITAR
PERDAS
Este ano, o índice passou por
novas mudanças metodológicas. Essas alterações, segundo o Pnud, são feitas para
aprimorar o IDH e recalculam os números de todos os países desde 1980. Assim, a
colocação do Brasil do ano passado ficou na 80ª posição e agora subiu para o
79º lugar.
O RDH 2014 se intitula
“Sustentar o Progresso Humano: Reduzir as Vulnerabilidades e Reforçar a
Resiliência”. Segundo o representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, o
documento alerta para os riscos de os países perderem os avanços que já
conseguiram em desenvolvimento humano em função de problemas como desastres
naturais, crises econômicas e conflitos. Por isso, defende que as nações adotem
políticas de proteção social.
— A crise (financeira)
internacional (iniciada em 2008) cortou pela metade o desenvolvimento social —
alertou Jorge Chediek, lembrando que o desenvolvimento humano continuou
avançando no mundo, mas perdeu fôlego após 2008.
Segundo o RDH 2014, 18 países
ganharam posições no ranking do IDH, que é liderado pela Noruega, cujo índice é
de 0,944. A expectativa de vida de um cidadão norueguês é de 81,5 anos. Já a
RNB per capita é de US$ 63.909. Em média, a população tem 12,6 anos de estudo e
uma expectativa de 17,6 anos de estudo.
Outros 114 países se
mantiveram na mesma posição do ranking e 35 caíram, entre eles, Síria e
Venezuela. Na lanterna do IDH está o Níger, cujo índice é de 0,335, com uma
expectativa de vida de apenas 58,4 anos e uma RNB per capita de US$ 873.
De acordo com o relatório,
apenas cinco países da América Latina e Caribe ganharam posições no ranking do
IDH. Além do Brasil, subiram na lista Chile (que está entre as nações com
desenvolvimento humano muito alto – 0,822), Panamá, Suriname e Uruguai. Mas o
Brasil tem um índice acima da média da região, que é de 0,740. Já entre as
nações que integram o Brics, o Brasil fica na segunda colocação, perdendo
apenas para a Rússia, que está em 57º lugar e tem um IDH de 0,778.
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