Imagem mostra uma chuva de meteoros de respeito, registrada em 2006.
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Quem estiver com coragem e
tempo livre na madrugada de hoje para amanhã (terça para quarta) terá a chance
de ver duas chuvas de meteoros simultâneas. O fenômeno, que acontece
anualmente, será observável em todo o Brasil e exige apenas céu aberto e
paciência, sem nenhum equipamento adicional.
Dizer que são duas chuvas
distintas implica a existênciade duas fontes diferentes de poeira cósmica que
adentram a atmosfera da Terra, produzindo as famosas “estrelas cadentes”.
Conhecidas como
alfa-capricornidas e delta-aquáridas do sul, elas atigem seu pico juntas, no
dia 29 de julho, e são muito difíceis de distinguir uma da outra. Primeiro
porque seus radiantes (o ponto no céu de onde parecem emanar os meteoros) são
muito próximos, localizados respectivamente nas constelações vizinhas de
Capricórnio e Aquário. Depois, porque nenhuma delas figura entre as mais
espetaculares chuvas anuais de meteoros.
AMANHÃ É OUTRO DIA
Isso, contudo, vai mudar no
futuro distante. As alfa-capricornidas são resultado do esfarelamento parcial
do cometa 169P/NEAT, que aconteceu uns 5.000 anos atrás. Naquela ocasião quase
metade do núcleo desse objeto se desfez. Como todos os cometas, ele é
basicamente uma bola de gelo sujo. Ao se aproximar do Sol, o gelo evapora, e o
bólido vai deixando partículas de poeira ao longo de sua órbita. São essas
pequenas partículas desgarradas que adentram a atmosfera conforme a Terra cruza
a órbita do bólido celeste, em seu trajeto anual em torno do Sol.
Ocorre que no momento apenas
uma parte pouco densa da nuvem de partículas do 169P/NEAT se oferece ao caminho
percorrido pela Terra. Nos próximos séculos, ela continuará a se deslocar
lentamente, de forma que, entre 2220 e 2420, o planeta deve se encontrar com a
região mais densa da nuvem. Então a alfa-capricornida será a mais prolífica
chuva de meteoros anual, com mais de 400 meteoros por hora. É mais do que
qualquer chuva que tenhamos hoje.
Por ora, no entanto, ela é bem
modesta, de forma que só se pode esperar uma taxa máxima de 5 meteoros por
hora. Esse número só não é desprezível porque as estrelas cadentes
alfa-capricornidas tendem a ser brilhantes e lentas, o que facilita sua
observação.
A segunda chuva a atingir seu
pico hoje, delta-aquárida do sul, é aparentemente produto de vários cometas que
passam rasantes ao Sol. Com órbitas bem acentuadas, as partículas remanescentes
desses objetos viajam em altíssima velocidade, o que produz meteoros bastante
rápidos — duração menor que um segundo. Um ou outro atinge grande brilho, mas
não é comum. É possível, nas melhores condições de observação, detectar 15 a 30
meteoros por hora.
COMO OBSERVAR
“Para ver uma chuva de
meteoros, você só precisa dos seus olhos, uma cadeira de praia e motivação”,
explica Gabriel Hickel, astrônomo da Universidade Federal de Itajubá (MG). “Não
há região específica do céu a olhar. O ideal é procurar um lugar escuro, longe
da poluição luminosa das grandes cidades, com o horizonte livre e deitar-se em uma
cadeira de praia, de modo a ver o máximo de céu possível.”
O astrônomo já avisa: não
espere um show pirotécnico. “Observe por pelo menos uma hora para ver um número
razoável de meteoros. Essas chuvas são melhor visualizadas entre as 2h e as 4h
da madrugada.”
Uma vantagem importante é que
a Lua está num crescente muito discreto e não atrapalha as observações. Em duas
semanas teremos outra chuva de meteoros, as famosas perseidas, mas aí com a
concorrência da Lua cheia, o que pode prejudicar a observação.
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