Cassiano Arruda - do Novo Jornal
Como diria o Luiz Inácio,
nunca antes, na história desse nosso Rio Grande do Norte registrou-se uma
renovação tão grande na sua representação federal, com a substituição de – pelo
menos – cinco dos oito integrantes de sua bancada.Henrique Eduardo Alves (decano
da Câmara Federal), Fátima Bezerra e João Maia desistiram da reeleição para
disputarem o voto majoritário na eleição de 5 de outubro. Betinho Rosado teve
sua candidatura impugnada e, Paulo Vagner, embora nominalmente candidato, faz
campanha por sua aposentadoria como deputado por invalidez.
Desta maneira, sobram Fábio
Faria, Felipe Maia e Sandra Rosado. Mesmo se os três conseguirem renovar os
seus mandatos, mais da metade da bancada não retornará a Brasília.Embora com
forte apelo eleitoral, nem sempre a conjugação do renovar tem sido sinônimo de
melhoria na atuação política. E, no caso da representação proporcional, o RN
figura no bloco das menores bancadas, com o mesmo peso de Estados como Amapá,
Roraima, Rondônia e Amapá, nenhum deles tendo um terço da nossa população.
É nesse ponto que o bicho vai
começar a pegar, aumentando o desafio para os novos integrantes da bancada
federal. O que fazer para conseguir, num prazo curto, conhecer os meandros da
chamada Baixa Câmara, além de conseguir se tornar conhecido além dos limites
estaduais e das bancadas partidárias?
Muito se pergunta o que faz um
deputado federal. Imaginem um deputado
de primeiro mandato. Qual a possibilidade de atuação além da sua atuação em
Plenário, que cada vez mais se torna uma verdadeira missão impossível,
sobretudo para um calouro? Um bom caminho para o exercício do mandato é a
atuação nas comissões técnicas, opção que termina criando um grupo de
parlamentares/especialistas (Educação, Orçamento, Infra-Estrutura e daí por
diante).
O problema é a briga dentro de
cada bancada partidária, onde vem prevalecendo o critério castrense de que
antiguidade é posto e os veteranos aproveitam o início das legislaturas para
ocuparem os melhores lugares. Há ainda a possibilidade de atuação político-partidária,
que garante visibilidade na mídia.
Porém, dificilmente para um
novato. Por último, a mais óbvia, termina sendo o atendimento pessoal aos
prefeitos e lideranças estaduais. Nesse caso, o mandato de Deputado Federal
termina sendo reduzido ao universo de um estafeta federal encaminhando pleitos,
procurando liberar verbas, tentando descobrir oportunidades para apresentação
de projetos que se coadunem com as prioridades do Governo Federal, seja em
qualquer área.
O excesso de centralismo de recursos
na administração pública brasileira termina transformando governadores e
prefeitos (especialmente dos Estados menores ) em pedintes, e estes necessitam
do apoio do seu deputado federal.Até o fim do mês, muitas caras novas vão
aparecer na telinha da televisão, com tempo diminuto (entre 20 e 40 segundos)
para se apresentarem perante o eleitorado; apresentarem suas idéias para
atuarem no Congresso Nacional, em Brasília; e ainda convencerem ao eleitor de
votarem nele.
Nesta versão sisuda do
programa “se vira nos trinta”, cada um dos eleitores estará representando o
grupo de cerca de 225 mil eleitores que formam o quociente eleitoral, um número
compartilhado com outros candidatos do mesmo partido ou coligação.Para se
avaliar corretamente o que essa renovação nunca registrada, existe um outro
ponto que não pode ser relegado: o fato dos oito deputados federais do RN
representarem oito partidos distintos. Uma situação que, dificilmente, será
modificada com toda a renovação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente