Do Novo Jornal
Para que não pairem dúvidas, o
governador eleito, no seu primeiro pronunciamento, logo depois de conhecido o
resultado da eleição, disse com todas as letras: “Era muito difícil ganhar, mas consegui
vencer a “Chapa do Acordão”. Farei o governo mais transparente do Brasil, com
base no diálogo e inovação. O Rio Grande do Norte escreve uma nova história
política”.
Na hora da comemoração,
Robinson Faria não poderia fugir de nominar o “dragão da maldade” que ele
conseguiu construir, enquanto descontruía a imagem do seu adversário nas urnas.
Robinson chegou ao Segundo Turno, de forma surpreendente e elegeu-se governador
do Estado, porque transformou o Acordão num inimigo comum, que passou a
sintetizar todos os males do nosso Rio Grande do Norte, que está vivendo uma
das quadras mais difíceis de sua história.
Para combater ao Acordão,
Robinson começou sacramentando um acordo com o Partido dos Trabalhadores, sem
nunca ter votado em nenhum candidato do PT, nem mesmo o ex-presidente Lula, a
quem disse (e mostrou na televisão) ser o inspirador de sua luta e
diretriz para o seu governo.
Registre-se, que tanto ele, Robinson, como o PT, haviam participado de
conversas distintas para participar do tal Acordão.
E só não fizeram parte dele
porque foram rejeitados. Robinson queria, entre outros pontos, que lhe fosse
assegurada a eleição para presidente da Assembléia Legislativa. O PT queria que a deputada Fátima Bezerra fosse
candidata ao Senado, fortalecendo, em nível local, a aliança em favor da
presidente Dilma Rousseff. Henrique
Alves optou pela ex-governadora Wilma de Faria, comprometida com a candidatura
Eduardo Campos, então candidato do PSB a Presidência da República.
O acordo com o PT teve de
ultrapassar barreiras aparentemente intransponíveis, como tirar o seu partido,
o PSD, da coligação para deputado estadual, atendendo a um capricho do deputado
Fernando Mineiro, que ficou com medo de não se eleger na hipótese do partido
contar com coligados fortes e ter menos votos do que os candidatos aliados.
Robinson aceitou a imposição, mesmo perdendo a deputada Gesane Marinho, que
avaliou o risco como muito grande e terminou retirando a candidatura à
reeleição e mudou de lado. Mas, o PT aceitou de bom grado coligar com o PSD na
chapa de deputado federal, o que era fundamental para Robinson garantir a
reeleição do filho, Fábio Faria. O PT arriscaria ficar com uma segunda vaga.
Mas essa hipótese parece ter sido arquivada pelo próprio PT ao concordar com a
candidatura do deputado eleito Betinho Segundo, sobrinho da governadora Rosalba
Ciarlini, designado por ela para falar de política em seu nome na campanha
eleitoral, num novo acordo, que ficou secreto até o último domingo.
Na contabilidade petista, o
partido da Presidente da República tinha duas cadeiras – ocupadas por Fátima
Bezerra e Fernando Mineiro – legislativas e continuou com elas. Trocou o posto
na Câmara Federal por outro no Senado e manteve o lugar de deputado estadual,
que canalizou os votos petistas para eleger a esposa do vice-governador eleito
Fábio Dantas, sra. Cristiane Dantas, que teve menos três mil votos do que
Mineiro, e ainda sobrou votos para eleger um vereador de Parnamirim, Carlos
Augusto Maia, com pouco mais de 20 mil votos (os outros candidatos do PT
ficaram abaixo dos dez mil votos), um nome desconhecido de uma das oito
legendas que fizeram parte do acordo que Robinson formalizou para combater o
Acordão.
Não dá para duvidar: - A não
eleição de Henrique Alves significou a derrota do Acordão. Mas, esse mesmo Acordão já havia viabilizado, no primeiro turno, a
eleição de seis dos oito deputados federais do RN, além de 18 dos deputados
estaduais. É com eles que o novo governador vai ter que se acertar para enfrentar, daqui pra
frente, os muitos compromissos que
assumiu.
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