Tela mostra os dados do Philae chegando ao centro de controle da ESA!
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Mais um milagre do pequeno
Philae: suas baterias resistiram e ele restabeleceu contato com a sonda
Rosetta. A ESA confirmou um contato inicial às 20h19, seguido por alguma
intermitência. O sinal se firmou dez minutos depois e os dados fluíram. Logo
saberemos se os experimentos foram realizados a contento durante o silêncio de
rádio. Mas o módulo drenou as baterias durante a derradeira sessão de
comunicação e foi colocado em modo de espera (stand-by) para economizar a pouca
energia que restou.
Além de executar os comandos e
colocar para funcionar todos os instrumentos, inclusive aqueles que exigiam
esforço mecânico, o Philae rotacionou em 35 graus, numa esperança de melhorar a
incidência de luz sobre os painéis solares. “Parece um cometa novo desse
ângulo”, brincou a ESA, emulando o próprio módulo de pouso, em conta que a
Agência Espacial Europeia mantém para ele no Twitter.
Ainda assim, o prognóstico
para o futuro imediato não melhorou. Essa última sessão provavelmente deve
encerrar as operações do Philae, pelo menos por ora. Talvez, quando o cometa
Churyumov-Gerasimenko se aproximar mais do Sol, as baterias sejam recarregadas
e ele volte da hibernação para nos contar como vão as coisas por lá.
A BROCA E A VIDA
Na tela acima você vê
indicações dos arquivos referentes ao instrumento COSAC. É um dos experimentos
que dependiam da perfuratriz SD2 atingir o solo do cometa e trazer amostras de
volta para dentro do Philae. E tenho certeza de que você ficará encantado
quando eu disser o que ele faz.
Em linhas gerais, o COSAC vai
buscar compostos orgânicos no cometa. Até aí, nada demais. Já sabemos desde
outros carnavais que cometas têm compostos orgânicos, inclusive aminoácidos —
moléculas que servem como tijolos para a formação das proteínas e, por isso
mesmo, são essenciais à vida.
Contudo, existe uma coisa
curiosa a respeito dos aminoácidos. Seus átomos podem se arranjar de duas
maneiras, formando duas versões espelhadas de uma mesma molécula. A esse
fenômeno os cientistas dão o nome de quiralidade. E agora o detalhe que faz a
diferença: por alguma razão misteriosa, todos os seres vivos só usam uma das
versões do aminoácido. A vida, ao menos na Terra, é canhota.
O COSAC, pelo menos em teoria,
não só vai detectar aminoácidos, como será capaz de identificar qual forma
quiral eles têm. Ou seja, vai poder contar quantos canhotos e quantos destros
estão por lá. Se as moléculas têm origem não-biológica, o instrumento deve
detectá-los mais ou menos em quantidades iguais. Contudo, se os aminoácidos
forem produto de alguma forma de vida, deve haver uma quantidade maior de uma
versão do que de outra.
E agora, você não está curioso
para saber o que o COSAC detectou? Torçamos para que (1) a broca tenha
alcançado o solo; (2) o solo tenha chegado ao experimento; e (3) o experimento
tenha funcionado. “Recebemos todos os dados do COSAC, embora não tenhamos ideia
do que há neles”, disse Stephan Ulamec, gerente do projeto do módulo na DLR,
agência espacial alemã.
ENQUANTO ISSO, EM ÓRBITA…
A equipe da Rosetta divulgou
imagens do antes e depois do primeiro local de pouso do Philae. É uma
demonstração incrível da precisão da manobra orbital. A indicação em verde é do
local planejado para o pouso, e a mancha cinza revela onde o módulo quicou. E
note que essas imagens são da Navcam, a câmera “braçal” da sonda orbitadora. Estou
muito curioso para saber o que a OSIRIS, câmera de alta resolução, enxergou lá.
A busca pela localização atual
do Philae nas imagens orbitais ainda não deu resultado, mas essas imagens
ajudarão a calcular em qual direção o pequeno robô foi depois de tocar o solo.
Mensageiro Sideral- Folha de S.P
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