Recentemente, o Olhar Digital teve acesso ao
relatório anual do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário; o que
descobrimos não é novidade, mas deixou muita gente de queixo caído: os consoles
de videogames e jogos eletrônicos têm mais impostos do que as armas de fogo no
país. Parece absurdo, mas é verdade; enquanto um revolver tem taxação de 71,6%,
os games importados são taxados em mais de 72%.
Moacyr Alves, presidente da Acigames explica
que há uma somatória de impostos que resulta nos fatídicos 72%. Ele explica que
incidem sobre os jogos os impostos de importação, IPI, ICMS e o PIS/Cofins
O interessante é que mesmo assim, o Brasil
ainda é o quarto mercado mundial de games. Ou seja, apesar da alta carga
tributária, o brasileiro compra muito videogame. Por outro lado, especialistas
acreditam que o mercado interno não tem o aquecimento que deveria ter; isso
porque a maioria dos brasileiros ainda compra seus consoles e jogos eletrônicos
no mercado paralelo ou em viagens ao exterior.
Lucas comemora as férias escolares assim,
jogando videogame. Aos 16 anos, ele até já decidiu o que vai estudar na
faculdade. Adivinha? Lógico, design de games! Mas para comprar tudo o que ele
queria e não quebrar o orçamento, a Simone – mãe do Lucas – resolveu esperar
para comprar tudo em sua viagem de férias para os Estados Unidos no final do
ano passado.
Antes de viajar, ela comparou os preços e não
teve dúvida; trouxe tudo do exterior. Segundo ela, o preço é até três vezes
mais barato do que aqui no Brasil. No final do ano, a família já tem viagem
marcada para o exterior novamente... E, claro, o Lucas já fez sua listinha de
encomendas...
Mas por que será a tributação sobre os videogames
é tão alta no Brasil? Nossa reportagem tentou conversar com a Receita Federal,
que infelizmente não pode nos atender para explicar.
"O governo não entende se o game é um
brinquedo ou um software. Na verdade, ele é um software e deve ser tratado com
os mesmos incentivos para o mercado deslanchar", afirma Moacyr Alves, que
aposta que se houver incentivos, o Brasil pode subir para segundo lugar na
lista de maiores mercados consumidores.
À frente da Acigames, a Associação Comercial,
Industrial e Cultural de Games, Moacyr luta há mais de três anos pela redução
dos impostos sobre os videogames. O especialista, que chegou a ser titular do
conselho para jogos eletrônicos do Ministério da Cultura, afirma que enquanto o
Brasil está muito atrasado e desperdiça o potencial dessa economia criativa que
representam os games, outros países estão ligados e “anos-luz” à nossa
frente...
"Na Romênia você não paga imposto sobre
jogos. Na Coreia do Sul, existe um ministério de games e o trabalho com jogos
gera dispensa do serviço militar. No Canadá e na França, se você mostrar um
projeto de games, eles pagam 70% do projeto em dinheiro", explica ele.
Como dissemos no começo, apesar dos pesares, a
previsão é de que o setor de games cresça 20% ao ano pelos próximos cinco anos,
o que levaria o país ao patamar de terceiro maior mercado de games do mundo,
ficando atrás apenas de Estados Unidos e Japão.
"O game não pode ser ignorado, porque é
muito forte. A gente tem uma economia criativa muito fértil. Vai chegar uma
hora em que isso não poderá mais ser ignorado", afirma Moacyr Alves.
Se você quiser matar a curiosidade e conhecer
os poucos produtos que sofrem mais com os impostos que os videgames, confira a
reportagem publicada no nosso site. O link está logo abaixo do vídeo desta
matéria. Aproveite e conheça o projeto Jogo-Justo e confira ainda a coluna de
Marcos Khalil sobre tudo o que você, consumidor, precisa fazer e saber sobre
mercado de games no Brasil.
Olhar Digital- UOL
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