Explicar a existência do tempo e do Universo
não é tarefa fácil. Seja através de gravitação de Newton, da eletrodinâmica de
Maxwell, da relatividade ou da mecânica quântica de Einstein, todas as equações
que descrevem o tempo funcionam melhor se ele flui para a frente ou para trás.
Contudo, um novo estudo, mostra uma perspectiva diferente para este assunto que
desafia pesquisadores ao longo dos séculos.
O trabalho conduzido por Julian Barbour, da
Universidade de Oxford, Tim Koslowski, da Universidade de New Brunswick, e
Flavio Mercati, do Instituto Perimeter de Física Teórica, sugere que talvez a
chamada “flecha do tempo” (termo cunhado pelo astrofísico Arthur Eddington, em
1927, com base em uma teoria da termodinâmica) é um produto inevitável das leis
fundamentais da física.
Barbour e seus colegas argumentam que é a
gravidade, em vez da termodinâmica, que libera a “corda” do “arco” que deixa a
flecha do tempo voar. As conclusões do estudo foram publicadas em outubro na
revista Physical Review Letters.
A equipe de pesquisadores chegou a esta
conclusão após a análise de uma simulação de computador de 1.000 partículas,
parecidas com pontos, interagindo sob a influência da gravidade newtoniana. A
análise mostrou que o sistema de partículas se expandiu para fora, em duas
direções temporais, criando duas flechas distintas, simétricas e opostas de
tempo. Ao longo de cada um dos dois caminhos temporais, a gravidade puxa as
partículas para um modelo maior e mais ordenado, equivalente a estruturas de
aglomerados de galáxias, estrelas e sistemas planetários. A partir daí, a
explicação padrão da termodinâmica para a passagem do tempo poderia se
manifestar e se desenrolar em cada um dos dois caminhos divergentes. Em outras
palavras, o modelo tem um passado, mas dois futuros. Contudo, o observador em
um destes “futuros” poderá ver e experimentar apenas um deles.
Embora o modelo ainda seja inicial e não
incorpore a mecânica quântica ou a relatividade geral, as suas potenciais
implicações são vastas. Se isso vale para o nosso universo real, neste caso, o
Big Bang não poderia mais ser considerado um início cósmico, mas apenas uma
fase em um universo efetivamente atemporal e eterno.
"Esta situação de dois futuros exibiria um
único passado, caótico em ambos os sentidos, o que significa que haveria
essencialmente dois universos, um de cada lado deste estado central", diz
Barbour. "Se eles foram suficientemente complexos, ambos os lados poderiam
sustentar observadores que percebem o tempo indo em direções opostas. Qualquer
ser inteligente não definiria sua flecha do tempo como se afastando desse
estado central. Eles pensariam que agora vivemos em seu passado mais
profundo", finaliza Barbour.
History/Business Insider
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