O Ministério Público emitiu ontem nota, em nome
do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis, isentando, mais uma vez, o
governador Robinson Faria (PSD) de qualquer participação no esquema fraudulento
investigado na operação Sinal Fechado. O chefe do Ministério Público estadual
voltou a afirmar que após toda a investigação feita não foi encontrado nenhuma
fato que implique o governador.
O procurador diz na nota de esclarecimento que
em depoimento prestado ao Ministério Público, o réu colaborador George Olímpio
deixou claro que nunca tratou com o então Presidente da Assembleia Legislativa,
hoje governador, sobre o pagamento de valores com o objetivo de aprovar a lei
que instituiu a inspeção veicular no Estado.
A lei foi aprovada por meio de acordo de
lideranças que dispensou o trâmite nas comissões da Casa. Naquela época, final
de 2009, Ezequiel Ferreira de Sousa não exercia função de liderança na Casa.
Ele era 2º vice-presidente da Mesa Diretora. Mesmo assim, é atribuído a ele
toda a suposta articulação em troca de propina para aprovar às pressas a lei
para criação de um cartório milionário no âmbito do Detran.
O procurador afirmou, na nota, que, nos
depoimentos da delação premiada, George Olímpio atestou também que a menção a
Robinson Faria, como suposto beneficiário de valores para a aprovação da
referida lei, foi feita exclusivamente pelo denunciado Ezequiel Ferreira de
Souza. Num vídeo disponibilizado junto com a nota, ontem pelo Ministério
Público, Olímpio declara: “Eu não posso afirmar que se esse dinheiro chegou às
mãos de Robinson. Quem pode afirmar isso é Ezequiel. Agora, que Ezequiel vendeu
essa vantagem usando o nome do presidente e que realmente a lógica nos leva a
crer que ele sozinho não conseguiria viabilizar aquilo, isso daí é fato
também”.
A mesma lógica começa a ser usada pela mídia
para questionar o arquivamento de parte do processo, mas Rinaldo Reis esclarece
que após toda a investigação realizada, o Ministério Público não identificou
qualquer meio de prova que confirmasse solicitação ou recebimento de valores
indevidos pelo então Deputado Robinson.
“Ao contrário, a prova produzida evidencia que
o deputado Ezequiel solicitou e recebeu de George Olímpio, para si, valores
indevidos para facilitar a aprovação da lei, tendo feito a referência ao então
presidente da Assembleia como forma de obter proveito maior de recursos
ilícitos” (trecho da nota). Além disso, é refirmado que todas as diligências
investigativas realizadas para averiguar a citação do deputado Ezequiel
Ferreira sobre a suposta participação de Robinson Faria constam na decisão de
arquivamento da investigação publicada na página de internet do Ministério
Público.
ASSINATURA
O processo para a aprovação da lei teria
seguido para aprovação com a assinatura do então presidente Robinson Faria, mas
a assinatura, segundo o Ministério Público, foi falsificada. Essa falsificação,
a princípio, não seria investigada. Quando apresentou as primeiras denúncias no
mês passado, Rinaldo Reis explicou que esse não era o foco e nem havia pistas
de quem seria o falsificador. Na última segunda-feira (2), Rinaldo Reis resolveu
investigar o fato.
Na nota divulgada ontem, ele relata que o laudo
original da perícia grafotécnica realizada pelo ITEP/RN, comprovando ser falsa
a assinatura de Robinson no despacho que encaminha o projeto de lei relativo à
inspeção veicular para votação direta no Plenário da Casa Legislativa,
encontra-se nos autos da Ação Penal n.º 2015.001627-4, em trâmite perante o
Tribunal de Justiça, podendo ser consultado por qualquer cidadão em virtude da
natureza pública do processo.
Nesta
semana, um áudio em que George Olímpio fala na entrega de R$ 300 mil para
Robinson foi divulgado na imprensa, contudo, segundo o Procurador Geral de
Justiça, esse áudio foi gravado antes do depoimento prestado por Olímpio na
delação premiada em que ele nega a participação de Robinson. “Está disponível
no site do MPRN trecho do depoimento de George Olímpio ao Ministério Público,
tomado posteriormente à data de produção de todos os vídeos e áudios por ele
também entregues em função do acordo firmado com a Instituição, em que o mesmo
deixa evidente que nunca tratou de pagamento de valores para facilitar a
aprovação da lei com o então Presidente da Assembleia”, finaliza Rinaldo Reis.
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