Em um contraponto ao
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a cúpula do PSDB pediu nesta
quarta-feira (22) ao jurista Miguel Reale Júnior que prossiga na elaboração de
um parecer sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O partido vai dar mais tempo
para o jurista fundamentar o parecer, mas dirigentes da sigla afirmam que há
elementos suficientes para que a oposição peça o impeachment de Dilma. O grupo
de tucanos se reuniu com Reale Júnior nesta quarta, na casa do presidente do
PSDB, Aécio Neves (MG).
A reportagem apurou que o
jurista pediu um prazo maior para apresentar o pedido, uma vez que considera
“açodado” correr na elaboração de um parecer que merece detalhada análise
jurídica. Aécio disse disse que não faltará “coragem” ao partido para
apresentar o pedido de impeachment se ficar configurado que a presidente
cometeu crime de responsabilidade.
“Não faltará ao PSDB a coragem
necessária para, no momento certo, se identificados realmente os crimes que
agora são noticiados, vamos agir como esperam de nós a grande maioria dos
brasileiros. Nem pedimos prazo ao jurista. Ele está examinando todas essas
frentes”, afirmou o tucano.
Apesar da declaração do
ex-presidente FHC de que seria “precipitação” o PSDB pedir o impeachment de
Dilma neste momento, Aécio disse que o partido “estará unido” quando tomar uma
decisão sobre o tema. Segundo o presidente do PSDB, há “nuances diferentes”
dentro do partido em relação ao tema. Além de FHC, o senador José Serra
(PSDB-SP) também adota postura de maior cautela em relação ao pedido de
responsabilização criminal de Dilma.
“Seria estranho se não
houvesse. Essas posições são cada vez mais convergentes. No momento da ação, a
unidade será absoluta. Há absoluta convergência entre nós. Não vamos nos
precipitar, fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT”, disse
Aécio.
Os tucanos evitam falar em
prazos para que Miguel Reale Júnior entregue o seu parecer. “Impeachment não é
uma coisa trivial. Há elementos, mas queremos fazer o pedido com musculatura
argumentativa. É natural que a sociedade busque um prazo, mas ele terá o prazo
que achar necessário”, disse o senador Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB.
PARECER
O principal fundamento do
parecer de Miguel Reale Júnior será a decisão do TCU (Tribunal de Contas da
União) que considera crime de responsabilidade as manobras fiscais
(“pedaladas”) feitas pelo Tesouro com dinheiro de bancos públicos para reduzir
artificialmente o deficit do governo em 2013 e 2014.
O jurista também analisa
outros fatos que poderiam responsabilizar Dilma criminalmente, como indícios de
que a CGU (Controladoria Geral da União) omitiu informações que recebeu durante
o processo eleitoral sobre o pagamento de propina pela empresa holandesa SBM
Offshore a dirigentes da Petrobras, como revelado pela Folha de S.Paulo.
Também estão na mira de Reale
Júnior as suspeitas de utilização de empresas públicas para beneficiar a
campanha de Dilma à reeleição e denúncias de que recursos arrecadados pelo
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Júnior possam ter irrigado a caixa de campanha
da petista.
Fonte: IG
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