A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana
(STTU) irá aguardar a conclusão de estudos técnicos para definir se irá
aumentar o valor da tarifa do transporte público em Natal. A última correção
ocorreu em julho do ano passado, quando saiu de R$ 2,20 para R$ 2,35. Na manhã
de ontem, na reunião ordinária do Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade
Urbana, o assessor técnico do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de
Passageiros (Seturn), Nilson Queiroga, apresentou uma planilha de gastos das
empresas que operam linhas na capital e reiterou a necessidade de revisão da
passagem dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,90.
Durante a reunião de ontem, que não tinha como
objetivo discutir a oneração da tarifa, mas o Regimento Interno do Conselho
Municipal, Nilson Queiroga requereu o agendamento de uma audiência com a
titular da STTU, Elequicina dos Santos. Ele pretende explicar a necessidade da
revisão do custo, baseado na inflação acumulada de 2010 a 2014 e no mais recente aumento salarial
concedido aos motoristas e cobradores.
“Tem empresa que irá requerer recuperação
judicial. Para outras empresas desaparecerem, assim como ocorreu com a
Riograndense há poucos anos, não está faltando nada”, argumentou Nilson
Queiroga. O assessor do Seturn comentou, ainda, que algumas empresas poderão
reduzir a frota para não recorrerem à recuperação judicial. Ele, porém, não
citou quais empresas enfrentam dificuldades econômicas atualmente.
Elequicina dos Santos, por sua vez, alegou que
não poderia discutir aumento enquanto não tivesse acesso ao relatório da
consultoria contratada pela Secretaria para avaliar o caso tecnicamente. “Não
tenho nenhuma posição ainda. Tudo depende dessa análise. Recebemos a
solicitação (do Seturn) e estamos analisando todos os cálculos sobre o reajuste
da tarifa”, frisou a secretária. Ela disse, ainda, que o aumento pode sim ser
concedido, mas que só será oficializado, e se for, após uma ampla análise dos
fatores que envolvem o setor, além do impacto na sociedade usuária do sistema.
A data da reunião com os representantes do Seturn não foi anunciada.
Discussão
Para endossar o pleito do Seturn, a
representante da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Natal
(Transcoop), Maria Edileusa Queiroz, referendou a necessidade do aumento. Ela
alegou que os 87 permissionários cooperados enfrentam dificuldades financeiras
e, alguns deles, demitiram funcionários. “Se o aumento não for concedido,
teremos dificuldade para manter o serviço. Nós estamos falidos”, destacou Maria
Edileusa Queiroz. Bastou esta assertiva para uma discussão e troca de acusações
se iniciasse.
O presidente do Sindicato dos Transportes
Alternativos (Sitoparn), José Pedro dos Santos Neto, se posicionou contrário ao
aumento e acusou a Transcoop de agir em benefício do Seturn. “Irei apresentar
um documento ao Conselho sobre o aumento. Sou contra o aumento da passagem,
pois só seria concedido com a licitação. A sociedade não pode pagar se ainda
não teve a licitação”, frisou. Ele criticou o Seturn afirmando a entidade só
procura a STTU quando é para conceder aumento de tarifa e não para melhorar o
sistema de transporte público. “Se eles (Seturn) deram aumento de salário, o
problema é deles”, destacou.
Do outro lado, Maria Edileusa Queiroz disse que
José Pedro dos Santos Neto não poderia se posicionar contra o aumento da tarifa
pois não é permissionário. Além disso, ela disse que no Sitoparn só existem
dois permissionários sindicalizados, o que reflete a falta de respaldo da
entidade. O tom da discussão beirou a baixaria, necessitando que a secretária
Elequicina dos Santos interviesse e encerrasse a troca de acusações. “Eu sou o
presidente do Sindicato e somente o Sindicato é quem representa uma categoria e
não uma Cooperativa”, asseverou o presidente do Sitoparn em resposta à
presidente da Transcoop.
Tribuna do Norte
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