A impressão é de que, agora,
Usain Bolt não perde nunca mais. Pelo menos para Jusin Gatlin. Ao entrar na
pista do Ninho de Pássaro, em Pequim, onde há sete anos havia se consagrado nas
Olimpíadas, ele carregava o peso de manter a fama de imbatível contra o rival
americano inegavelmente em melhor forma.
Era uma situação diferente
para Bolt, acostumado a brincar com a facilidade que sempre confirmou seu
favoritismo nas provas de velocidade. Mas, se havia motivos para ele se sentir
ameaçado diante da real possibilidade de ser derrotado, quem sentiu o peso foi
o candidato a vilão. Gatlin fez um tempo pior do que marcara duas horas antes,
na semifinal, e acabou eletrocutado pelo Raio jamaicano. O jovem americano
Trayvon Brommell ficou com o bronze, dividido com Andre De Grasse, canadense,
que fez o mesmo tempo dele.
O próximo grande duelo entre
os dois será no Engenhão, nas Olimpíadas do Rio, no ano que vem. E até lá dificilmente
o americano conseguirá tirar da cabeça a imagem de ver Bolt correndo a seu
lado, e cruzando a linha minimamente à frente. Na cronometragem oficial, um
centésimo de segundo antes.
Bolt marcou 9s79, e desta vez
não teve uma vitória tranquila, nem deu para diminuir o ritmo no final, como
virou sua marca registrada.
Foi talvez a mais difícil de
sua carreira. Se no Ninho de Pássaro era quase impossível achar quem não
torcesse por ele, eram muitos os que previam que havia chegado a vez de Gatlin.
Não à toa.
O americano veio a Pequim
ostentando quatro marcas na casa de 9s70 em 2015. Fez 9s83 na bateria
eliminatória e depois 9s77 na semifinal, enquanto Bolt, depois de tropeçar na
largada de sua bateria da semifinal, fez um tempo "modesto" de 9s96.
Na frieza dos números, era
Gatlin quem de repente se tornara favorito contra o mito jamaicano. Aos 33
anos, pareceu não ter suportado a pressão contra o gigante caribenho.
Para muitos, terá sido também
a vitória do esporte. A Federação Internacional de Atletismo (IAAF), com a
imagem deteriorada por graves denúncias de leniência no combate ao doping,
respira aliviada por não ver a consagração de Gatlin, suspenso entre 2006 e
2010 por uso de substâncias proibidas.
O carismático Bolt firma ainda
mais seu lugar como um Deus das pistas. Mantendo a aura de invencibilidade:
agora, em onze provas de Mundiais ou Jogos Olímpicos nos 100m ou nos 200m,
acumula dez medalhas de ouro e uma desclassificação por ter queimado a largada,
no Mundial de 2011, em Daegu, na Coreia do Sul.
O Globo
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