Ao contrário dos colegas que
costumam congestionar o meio-campo para proteger a defesa e o emprego, o
técnico Celso Roth, apostou no ataque para sobreviver e acabou demitido. Com a
derrota por 1 a 0 para o Coritiba, com gol nos acréscimos, o Vasco encerrou o
primeiro ato de uma ópera-bufa. Depois de as declarações de seu presidente
chegarem ao limite da comédia, pela tentativa de negar a realidade, o
desempenho do time, ontem, no Maracanã, reforçou o drama.
— Está fora. Celso Roth não é
mais técnico do Vasco — disse o vice de futebol do Vasco, José Luís Moreira,
logo após o jogo.
Ao chegar à metade do
campeonato na lanterna com 13 pontos e aproveitamento de 22,8%, o Vasco precisa
somar mais da metade dos 57 pontos em disputa no segundo turno para tentar
escapar do terceiro rebaixamento em oito anos. Dos cinco jogos em que já está
sem vencer, o Vasco não marcou gols nos últimos quatro.
Com a vitória, obtida graças à
falha de Jomar, o Coritiba chegou aos 17 pontos e ganhou o fôlego que falta aos
técnicos vascaínos. Doriva já fora demitido neste Brasileiro. Oswaldo de
Oliveira e Guto Ferreira são os nomes mais cotados. Enquanto o sucessor de Roth
não e anunciado, o time deve ser dirigido pelo interino Valdir Bigode na
quarta-feira, contra o Flamengo, no Maracanã, no jogo de ida das oitavas de
final da Copa do Brasil.
— Espero que minha saída sirva
para beneficiar o Vasco — disse Roth, que teve sete derrotas, um empate e três
vitórias nos 11 jogos que dirigiu o time no Brasileiro.
A escalação do time com Jorge
Henrique, Nenê, Dagoberto e Riascos, confirmou a vontade do presidente, Eurico
Miranda e a desorientação vascaína. Com a falta de suporte do meio da defesa, a
opção pelo quarteto ofensivo contrariou uma regra básica do futebol e da
engenharia . Construir a cobertura antes dos alicerces aumenta o risco da
queda.
— Nós jogadores temos uma
parcela gigantesca nisso, a gente não entende por que o pé entorna quando surge
a chance do gol — disse Dagoberto..
Diante de um rival que ainda
não tinha vencido como visitante, o Vasco começou o jogo tentando ficar com a
bola no ataque. Após confusão na área, Dagoberto cruzou para Rodrigo, debaixo
da trave, perder chance clara de cabeça, aos 15.
Depois de rebater chute à
queima-roupa de Lúcio Flávio, Jordi se jogou para ficar com a bola no mesmo
momento que Madson tentava afastá-la. O choque entre os dois, enquanto a bola
saia pela linha de fundo, revelava a insegurança de uma defesa que já tinha
levado 30 gols em 18 jogos.
Aos 21, após bate e rebate na
pequena área, Rodrigochutou, a bola desviou em Leandro Silva e foi para fora.
Seis minutos depois, Christianno recebeu ótimo passe de Nenê, e Wilson fez a
defesa.
Apesar de algumas vaias no fim
do primeiro tempo, o Vasco voltou para o segundo obrigado a superar um imenso
vazio. Seja na arquibancada do Maracanã ou na criação das jogadas, quase
ninguém se apresentava para empurrar o time. Restava apelar ao céus. Aos 16, a
cobrança de falta de Lúcio Flávio passou por baixo da barreira e saiu rente à
trave sem qualquer reação do goleiro Jordi.
Do outro lado, o Vasco não
teve a mesma sorte em lance que Rodrigo voltou a perder chance na pequena área,
dessa vez num chute sem direção. Riascos fez ainda pior ao tentar o chute e
acertar a bola na própria cara. Nas arquibancadas, alguns torcedores riam de
nervoso até que Jomar falhou ao sair jogando e Evandro agradeceu o presente
para anunciar um roteiro trágico no segundo ato da ópera vascaína.
O Globo
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