Foto: Ailton de Freitas /
Agência O Globo
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O Ministério Público na Suíça
encontrou cerca de US$ 5 milhões em contas controladas por Eduardo Cunha. No
registro das contas, o nome de Cunha, da mulher Cláudia Cruz e de uma de suas
filhas aparecem como reais responsáveis pela movimentação financeira. As
informações foram repassadas às autoridades brasileiras, que passarão a
investigar crime de lavagem de dinheiro.
Após a Procuradoria-Geral da
República (PGR) confirmar que o presidente da Câmara e familiares dele têm
contas bancárias na Suíça que são investigadas por autoridades do país europeu,
o peemedebista desistiu da viagem que faria a partir desta quinta-feira para a
Itália. Fragilizado pelo aumento de denúncias contra ele por suspeita de
participação no esquema da Petrobras, o parlamentar reagiu com ironia ao ser
perguntado se estaria perdendo apoio à sua permanência na presidência da Casa.
Deputados protocolam
requerimento de informação para que presidente da Câmara responda sobre contas
na Suíça
Presidente da Câmara não
responde sobre contas na Suíça
O presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
— Eu não estou atrás de apoio,
por que é que eu vou perder? — respondeu Cunha, em entrevista coletiva nesta
tarde.
O presidente da Câmara
negou-se novamente a comentar sobre o envio, pela Promotoria da Suíça, dos
autos de investigação contra ele sob suspeita de lavagem de dinheiro e
corrupção passiva, explicando que quem fala por ele é seu advogado. Indagado
sobre as contas no exterior, Cunha não respondeu.
— Perguntem a ele (o
advogado). Não vou responder nada que não seja pelo meu advogado — afirmou.
Cunha iria à Itália para do
participar Fórum Parlamentar Itália-América Latina e Caribe. Ao informar sobre
o cancelamento da viagem, Cunha justificou que pretende comparecer ao casamento
do senador Romero Jucá (PMDB-RR), no sábado.
— Eu decidi ontem à noite.
Primeiro, tenho convite para o casamento do Jucá, de quem eu sou muito amigo —
disse Cunha, acrescentando:
— Era uma viagem muito
comprida, tinha que voltar na segunda e faria apenas um discurso no evento.
Achei que seria muita corrida para um evento que não tem tamanho que
justificasse — afirmou.
Ele negou que a desistência
esteja relacionada com a denúncia.
— Não tem nada a ver com nada
— afirmou.
ENTENDA A INVESTIGAÇÃO NA
SUÍÇA
A investigação na Suíça foi
aberta em abril, quando as contas bancárias de Cunha e familiares foram
bloqueadas. O presidente da Câmara é suspeito de receber propina por vazamento
de informação privilegiada na venda, para a Petrobras, de um campo de petróleo
no Benin, na África.
“Por ser brasileiro nato,
Eduardo Cunha não pode ser extraditado para a Suíça. O instituto da
transferência de processo é um procedimento de cooperação internacional, em que
se assegura a continuidade da investigação ou processo ao se verificar a
jurisdição mais adequada para a persecução penal”, informa a PGR, em nota.
Parte das suspeitas das
autoridades suíças foram confirmadas pelo lobista João Augusto Rezende
Henriques. Em depoimento à Polícia Federal em Curitiba, na sexta-feira passada,
João Henriques disse que fez depósito numa conta que, mais tarde, ele descobriu
pertencer a Cunha. A conta destinatária do pagamento foi indicada a ele pelo
lobista Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), já falecido,
um ex-aliado do presidente da Câmara.
O Globo
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