O crescimento da demanda por
gasolina no Brasil vai desacelerar nos próximos seis anos, prevê relatório da
Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo o documento, de 6,3% ao ano no
período anterior de seis anos, a alta da demanda ficará em 1% ao ano entre 2015
e 2021. De acordo com a AIE, o crescimento mais lento da frota de veículos e a
estimativa de ganho de eficiência de aproximadamente 2% ao ano são as causas da
retração.
O relatório da agência destaca
que os biocombustíveis desempenham papel de crescente importância na demanda
brasileira, com tendência a aumentar. Diz o documento: “em 2015, por exemplo, o
consumo de etanol hidratado aumentou cerca de 40% devido a aumentos de taxas
federais para os não biocombustíveis, o que, complementado por mudanças
favoráveis na taxação regional em alguns estados, aumentou a competitividade
com a gasolina”.
Segundo a AIE, o uso de
veículos leves de passageiros com tanques do modelo flex, que podem receber
mais de um tipo de combustível, está disseminado no país e já responde por mais
de 90% dos registros de veículos. A agência lembra ainda que o Brasil está
comprometido com a expansão do biodiesel como uma medida importante para a
redução das emissões de carbono.
Com base nesses fatores, a AIE
ressalta também que o aumento do consumo de biocombustíveis pode ser esperado
no médio prazo. A AIE destaca, no entanto, que a alta tornará esse tipo de
combustível sensível a mudanças fiscais e de regulação. A organização
internacional lembra ainda que a atual crise econômica deve compensar possíveis
aumentos de demanda. “A venda de veículos leves de passageiros e de gasolina C,
contendo 27% de etanol, declinou em 2015”, destaca o relatório.
Produção e investimentos
O relatório da Agência
Internacional de Energia considera o Brasil peça importante na produção de
petróleo até 2021. Segundo o documento, o país será o segundo entre os não
membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) com a maior
alta na produção da commodity (bem primário com cotação internacional). A
estimativa de crescimento da produção brasileira fica atrás apenas da dos
Estados Unidos, estimada em 1,3 milhão de barris por dia. Com projeção de 800
mil de barris por dia, o Brasil empata com o Canadá.
Caso a estimativa se prove verdadeira,
a produção do Brasil cresceria de 2,5 milhões de barris por dia para 3,4
milhões de barris por dia entre 2015 e 2021. A AIE, no entanto, chamou a
atenção para a situação da Petrobras. O relatório da agência enfatiza que a
estatal “lida com um escândalo de corrupção, grandes débitos e problemas
políticos e econômicos”. Para a AIE, porém, “novas instalações de produção vão
mais do que compensar o declínio em alguns campos produtores”.
Projeções da organização
internacional mostram que as companhias de petróleo como um todo farão cortes
nos orçamentos de exploração e produção este ano. Apesar disso, a projeção de
investimentos, de cerca de US$ 330 bilhões, é considerada “ainda significante”.
A propósito do tema, a AIE
voltou a citar a Petrobras, lembrando que a estatal brasileira recentemente fez
cortes maiores que os previamente anunciados no plano de negócios para o
período de 2015 a 2019. “A companhia anunciou uma diminuição adicional de 25%
no investimento em bens de capital este ano”, destaca o relatório da agência.
Agência Brasil
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