Um bebê com menos de 1 mês de
vida deu entrada nesta quarta-feira (30) na UPA da Cidade da Esperança, na Zona
Oeste de Natal, com suspeita de ter contraído a gripe H1N1. Sem estrutura
suficiente para atender a criança, a equipe médica improvisou: um balde de
margarina foi usado como uma espécie de capacete no lugar onde deveria estar um
CPAP (sigla em inglês para Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas),
equipamento comumente empregado para tratar distúrbios respiratórios. Este ano,
no estado, uma adolescente de 15 anos morreu por causa da doença.
A médica que fez o atendimento
preferiu não se identificar, mas explicou que o brecém-nascido precisava ficar
internado em uma UTI. "Fizemos contatos com os hospitais de Natal e não
tinha vaga em lugar nenhum. A criança começou a agravar aqui na UPA e a gente
tá sem recurso", disse. Ela resolveu isolar o bebê em uma sala da
pediatria para evitar o contato com outros pacientes. "Fizeram improvisado
mesmo. Não tinha outra coisa na hora para colocar, só conseguiram agora quando
foi liberado um", disse o pai do bebê. “É muito, muito triste. Muito
angustiante”, disse a mãe, visivelmente abalada com a situação.
Agora, o bebê está entubado na
UPA em ventilação mecânica. Em entrevista ao Bom Dia RN nesta quinta-feira
(31), o secretário municipal de Saúde informou que não houve irregularidade na
medida tomada pela equipe médica, apesar de não ser o recomendado. "Foi
uma medida salvadora naquele momento, para dar o mínimo de estabilidade para a
criança. Apesar de ser feia, a estrutura que foi montada funciona. Ela,
provavelmente, usou isso até a criança ir para a entubação. Ela fez isso para
dar o suporte, agiu corretamente. Nós não recomendamos fazer isso, mas é uma
medida salvadora", explicou Luiz Roberto Fonseca.
O secretário ainda falou sobre
a falta de UTI pediátrica na capital potiguar. "O leito de terapia
intensiva pediátrico é mais dramático que o adulto porque só temos o Hospital
Infantil Varela Santiago, o Maria Alice Fernandes e o Walfredo Gurgel. Sabemos
que a criança precisa muito menos de UTI do que o adulto, mas o número de
leitos para crianças é precaríssimo, tanto no público quanto no privado",
disse.
H1N1 no RN
Nesta quarta-feira (30), a
Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte (Sesap) confirmou a primeira morte
por H1N1 no estado em 2016. Foi uma adolescente de 15 anos, natural do
município de Lagoa Nova. A garota deu entrada no hospital no dia 27 de
fevereiro e faleceu em 10 de março.
A Sesap informou que 9 casos
da doença foram notificados este ano. Destes, houve duas confirmações. Um deles
é o caso da adolescente que morreu. O outro, é de uma menina de 2 anos que mora
em Natal e cujo quadro evoluiu para a cura. Neste caso específico, apesar de já
ser tratado pela Sasap como confirmado, ainda não foi notificado porque a
criança foi atendida por um hospital particular que não informou a secretaria
sobre a doença na época em que a criança foi tratada. Até o momento, o mês com
mais casos informados foi março, com 4 das 9 notificações formalizadas até
agora.
Segundo a Sesap, há uma
redução de 78% nas notificações durante o mesmo período em 2015. No ano
passado, foram 41 notificações. Porém, apenas um caso foi confirmado e não
houve mortes.
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