A presidente Dilma Rousseff
durante seu discurso na sede da ONU - Mark Lennihan / AP
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A presidente Dilma Rousseff usou
parte do seu discurso na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), no qual
apresentou as medidas tomadas pelo governo brasileiro no acordo climático, para
citar o "grave momento que vive o Brasil". A presidente discursou por
pouco mais de oito minutos. Sua fala sobre a situação política do Brasil durou
menos de um minuto. Ela não usou, em seu discurso, a palavra "golpe"
ou "impeachment". E o público presente na ONU reagiu com normalidade,
aplaudindo a presidente apenas no final de sua fala.
- A despeito disso quero dizer
que o Brasil é um grande país, que soube superar o autoritarismo e construiu
uma pujante democracia. O nosso povo é trabalhador e com grande apreço pela
liberdade, e saberá impedir quaisquer retrocessos. Sou grata a todos os líderes
que expressaram a mim sua solidariedade - disse Dilma.
Na entrevista que dará a seis
veículos de imprensa internacional, logo mais à tarde, a presidente deve
explorar com mais detalhes o discurso de que foi vítima de um golpe.
Antes de citar o momento
político, Dilma disse em seu discurso que tem orgulho de seu governo, que vai
lutar para que o acordo climático seja implementado o mais rápido possível e
que assinar este acordo é a parte mais fácil, que a sua implementação exigirá
esforços.
Ela repetiu as metas de
redução de emissões e de queda de desmatamento na Amazônia. A presidente disse
na ONU que o país vai ampliar o uso de energia renovável e que os impactos
negativos das mudanças climática afetam mais aos pobres. Ao fim do discurso,
Dilma voltou à Assembléia da ONU, onde foi assinar o acordo climático.
APOIO INTERNACIONAL
Ela foi recebida em Nova York,
na noite de quinta-feira, com flores por um grupo de 50 pessoas, à porta da
residência oficial do embaixador Antonio Patriota, em uma manifestação contra o
impeachment.
Dilma sentou-se ao lado do
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, e à frente do embaixador Antonio Patriota. Deputados da
oposição também viajaram aos Estados Unidos.
Além de sustentar a versão do
'golpe' no ambiente internacional, a viagem e o discurso de Dilma ao encontro
da ONU sobre o clima representam uma tentativa do governo brasileiro de
emplacar uma agenda positiva em meio à crise política do país. A presidente
decidiu participar da reunião pouco mais de 24h antes de embarcar. Receosa em
deixar o Brasil, Dilma confirmou sua ida a Nova York a partir da avaliação de
que os veículos de imprensa de fora têm dado mais espaço para a defesa da
presidente.
Dilma Rousseff deverá exaltar
as propostas dos negociadores brasileiros na COP 21, em dezembro passado,
decisivas no acordo fechado por 195 países em Paris, no qual o mundo concordou
em caminhar para uma economia de baixo carbono.
O discurso de Dilma foi o
sexto depois da apresentação inicial do secretário-geral das Nações Unidas, Ban
Ki-moon. Depois dele, foi a vez do presidente francês François Hollande
discursar. Seguiram a ordem o secretário-geral da Assembleia da ONU, o
presidente do Peru, Alan García; do Congo, Denis Sassou Nguesso; da Bolívia,
Evo Morales, e, enfim, a presidente do Brasil.
ACORDO RECORDE
A ONU informou que hoje, dia
da Terra, será o recorde de países assinando, em um mesmo dia, um acordo da
organização. No total, 165 nações vão chancelar o acordo de Paris sobre
mudanças climáticas. O recorde anterior foi registrado em 1982, quando 119
nações assinaram no mesmo dia um acordo sobre o mar. Os demais países, dos 193
que fazem parte da ONU, terão até 17 de abril de 2017 para assinar o documento.
O acordo de Paris entrará em vigor quando o documento for ratificado por países
que representem até 55% das emissões de gases causadores do efeito estufa. Nove
chefes de estado devem discursar no evento da ONU nesta sexta-feira em Nova
York, incluindo Dilma Rousseff.
A cerimônia para a assinatura
do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas começou com a apresentação
musical, um trecho de "Quatro Estações", de Vivaldi, e de um jovem
alertando para os riscos das mudanças climáticas. Depois, em seu dicurso, Ban
Ki-Moon, secretário geral da ONU, comemorou o recorde de países assinando um
acordo em um mesmo dia. Ele disse que quando assumiu o cargo tinha priorizado a
questão do meio ambiente e que está feliz pelo acordo obtido em dezembro em
Paris. Ele pediu para que os países convertam os acordos de Paris em ações.
— Acabou a época de consumo
sem consequencias. Tempos que reforçar nossos esforços para
"descarbonizar" nossas economias. - disse o secretário. - As medidas
para o clima não é um carga, mas nos oferece muitos benefícios, pode nos ajudar
a reduzir a pobreza e gerar emprego verde — disse.
O presidente da França,
François Hollande, afirmou, em seu discurso de abertura da cerimônia da ONU
para assinatura do acordo sobre Mudanças Climáticas, lembrou que até o último
minuto da conferência do Clima de Paris havia dúvidas da obtenção de um acordo,
mas que os países conseguiram superar suas dificuldades e chegaram a um
consenso importante. Ele afirmou que a humanidade pode estar orgulhosa do
acordo alcançado e citou que o contexto do acordo de Paris era
"dramático" dias após os fortes atentados terroristas na capital
francesa, sendo um "marco simbólico" para o resto do mundo.
— Os meses antes da assinatura
do clima foram os mais quentes da história, foram registradas mais catástrofes
em diversos países - disse o presidente francês, citando alguns problemas
ambientais ocorridos no mundo nos últimos tempos.
O Globo
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