Começam nesta segunda-feira
(25), no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), os testes em
humanos com fosfoetanolamina, o composto que ficou conhecido como "pílula
do câncer". O anúncio do início dos testes foi feito na semana passada.
Nesta fase inicial, a
substância será avaliada em 10 pacientes para determinar a segurança da dose.
Se a droga não apresentar efeitos colaterais, a pesquisa seguirá em mais 200
pacientes - são 10 tipos de câncer diferentes incluídos nos testes, ou seja, 21
indivíduos com cada tipo da doença receberão três comprimidos da
fosfoetanolamina. O anúncio foi feito pelo governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB).
Essa fase onde 210 pacientes
participarão da pesquisa deverá durar cerca de seis meses. O início dos testes
foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da
Saúde.
Se pelo menos três pacientes
de cada um desses grupos de câncer apresentar uma melhora no quadro de saúde
devido à pílula, o governo deverá liberar mais uma fase do estudo com a chamada
de mais 80 indivíduos. No total, até mil pessoas poderão participar do
processo. Toda a pesquisa deverá ser encerrada em dois anos.
Caso nenhum dos 210 pacientes
iniciais apresentar qualquer melhora ou sintoma, o estudo será encerrado no
prazo estipulado de até seis meses.
"[Escolhemos] pacientes
em tratamento no instituto. Não haverá a inscrição de pacientes de fora [para
os testes], pelo menos não neste primeiro momento", disse Paulo Marcelo G.
Hoff., vice-presidente do Icesp, na quinta-feira passada. "Nós achamos que
era mais justo já tratar os pacientes que já são da instituição. Ou seja, não
há nenhum favorecimento. A escolha será feita baseada nos critérios de inclusão
e exclusão que estão muito bem determinados para cada um dos 10 grupos [de
câncer]", completou.
Os pacientes escolhidos
buscaram os médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) e não estão em estado
terminal, segundo Hoff. Ele diz que os indivíduos escolhidos não têm outra
opção de tratamento curativo disponível e estão em condição física pra
responder aos testes.
Além disso, os pacientes não
deverão receber nenhum tipo de medicamento durante o processo. Por isso, as
pessoas selecionadas respeitaram o critério de poder estar dois meses sem o
tratamento tradicional sem quaquer impacto na expectativa de sobrevida durante
os próximos meses.
A substância foi encaminhada
para o Icesp pela Fundação para o Remédio Popular (Furp) - laboratório oficial
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Ainda de acordo com o governo do
estado, há cápsulas suficientes para a realização da pesquisa.
Produção da substância
A sintetização da
fosfoetanolamina que será testada em humanos foi feita pelo laboratório PDT
Pharma, do município de Cravinhos, no interior de São Paulo. A Furp apenas
encapsulou a substância. Ainda de acordo com o governo, o pesquisador da USP de
São Carlos, Gilberto Chierice, que desenvolveu uma forma de sintetizar a
substância, está acompanhando os testes.
A "pílula do câncer"
já havia sido testada em animais de pequeno porte, mas a etapa de animais de
grande porte foi pulada já que outras pessoas já consumiram a fosfoetalonamina
não apresentaram sintomas graves.
"Nós fizemos uma opção
pragmática aceitando o fato de que nós temos mais de 20 mil humanos que
receberam o produto. Isso é diferente de um produto que está surgindo novo e
que nunca ninguém o tomou. Então, nós achamos que seria possível neste caso nós
acelerarmos o processo", disse.
Os tipos de câncer que serão
contemplados nos testes serão: cabeça e pescoço, pulmão, mama, colo e reto,
fígado, pâncreas, melanoma, gástrico, colo uterino e próstata.
G1, Bem Estar
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