O governador do Rio Grande do
Norte, Robinson Faria (PSD), anunciou na tarde desta quinta-feira (19) que
policiais militares entrarão na Penitenciária de Alcaçuz para separar as duas
facções que se enfrentam no local. Segundo ele, os policiais formarão um
"paredão humano".
A intenção, diz o governador,
é "permitir a construção de uma parede física para separar o PCC do
Sindicato do RN”. Os policiais farão uma "corrente humana", disse.
Faria disse ter sido ameaçado
pela facção paulista de que iriam "tocar fogo em Natal" se houvesse a
transferência dos seus chefes para presídios federais. O governo anunciou na quarta que havia pedido à Justiça a transferência. À noite, uma série de
ataques ocorreu em Natal a ônibus e delegacias, entre outros.
A seguir, trechos da
entrevista:
Evitar matança
“A curto prazo agora é evitar
uma nova briga, uma nova matança entre eles. Por isso nós vamos entrar daqui a
pouquinho, a operação vai começar já já. Em um segundo momento vamos transferir
os presos das facções para presídios separadamente.”
Desafio
"O Sindicato desafiou o
governo, assim coimo o PCC também me desafiou, a minha integridade, se eu
tirasse presos da Alcaçuz”.
Negociação?
“Não houve negociação. Até
porque ontem eu estava em Brasília, cheguei aqui ontem no final da tarde. Tanto
é que o PCC me ameaçou, disse que ia tocar fogo em Natal. A mesma coisa o sindicato.
Ou seja, se tivesse tido negociação Natal não estava sendo agora incendiada.”
'Evitar Carandiru 2'
"Naquela ocasião era
noite. Eles estavam armados, nós escutamos vários tiros. Se eu ordenasse que a
polícia entrasse em Alcaçuz, podia ser um Carandiru 2 [...] A polícia ia
entrar, encontrar presos armados, violentos, e iria ter uma matança muito
grande, tanto de policiais quanto de apenados. Eu não posso autorizar a polícia
a entrar se ela não se sentir segura para entrar.”
'Guerra acabará já já'
“Essa guerra que está sendo
agora, que vamos acabar já já, é de armas de pedaço de ferro, de pedaço de
cano, do que foi destruído. Não foi negligência, não houve negociação, e não
vai haver negociação porque o governador não autoriza negociação com quem quer que
seja, nem com PCC, nem com Sindicato do RN.“
Destruíram o presídio
“A polícia entrou, recolheu o
que pode recolher, recolheu armas, agora, eles destruíram o presídio. Terá que
ser feita toda uma nova reconstrução.”
Por que a polícia não impediu
rebelião?
“Nós entramos duas vezes, eu
só proibi entrar no sábado à noite porque seria um Carandiru 2. Mas agora não
há mais cela. Nós vamos entrar para evitar uma mortandade, essa vingança do
sindicato do RN contra o PCC.”
Há risco?
"É claro que existe
risco, mas é dentro da lei. A lei faculta o direito de a PM intervir em caso de
extremos.”
Ordem: retomar o presídio
"A ordem é retomar a
ordem do presídio, fazer uma corrente humana dentro, de policiais, separando
eles, para acabar com essa folga de ficarem perambulando, e amanhã se inicia a
construção de um paredão, de placas de concreto, para separar até você ter toda
a remoção, no estado inteiro, de quem é PCC e quem é sindicato do crime.”
Polícia demorou?
O governador admitiu que achou
que a entrada da PM levou muito tempo, mas afirmou que a polícia informou que
estava se preparando, e que não poderia ordenar a entrada dos policiais sem que
eles estivessem preparados. O governador afirmou que os policias vão permanecer
dentro de Alcaçuz para evitar novos confrontos.
Sem negociação
“Não vou negociar. Vamos
enfrentar. Não vou fazer nada fora da lei, mas vamos enfrentar, como
enfrentamos agora e em todas as rebeliões que já aconteceram.”
Presos desafiam o estado
“É muito difícil, mas temos
que ter coragem e enfrentar. Já pedi ao presidente Temer que envie as Forças
Armadas para proteger as ruas, a população (...). Eles estão [as facções]
desafiando o estado. Cada vez estão mais aparelhados, e fica mais difícil, e o
estado vai ficando menor.”
Bloqueadores de celular estão
desligados?
Sim. "Desde sábado que
eles [presos] conseguiram ter acesso ao setor de operações da empresa que
instalou o bloqueador de celular, uma máquina blindada, mas isso será
corrigido. Eles estão tão aparelhados que conseguiram ter acesso à central onde
ficava o bloqueador."
Criminosos querem intimidar
“Eles querem intimidar [com os
ataques pela cidade], fazer medo ao governo, para ver se o governo recua e
negocia.”
Intenção: desativar ou
reconstruir Alcaçuz
“Esse presídio foi feito já há
mais de 20 anos. Foi um equívoco a escolha do local, uma área de duna, arenosa.
Temos que depois discutir com o departamento do engenharia, desocupar Alcaçuz,
fazer uma realocação, ou interditar de vez ou fazer uma reconstrução para
tornar o presídio altamente blindado, seguro.”
Esquecer ou intervir?
“Você acha melhor a gente
esquecer Alcaçuz, deixar todo mundo se matar lá dentro, ou tentar intervir para
evitar uma nova tragédia?”
Sistema prisional brasileiro
faliu
"Temos que mostrar a
verdade como ela é mesmo. O Brasil faliu o sistema prisional. (...) Agora que o
presidente Temer resolveu fazer essa parceria com os governos estaduais."
G1RN
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