A professora Kalanit Grill-Spector e sua equipe
compararam o cérebro de adultos com o de crianças (Foto: Brianna Jeska /
DIVULGAÇÃO)
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A parte do cérebro que permite
reconhecer os rostos continua se desenvolvendo até a idade adulta, uma
descoberta que surpreendeu cientistas divulgada em um estudo publicado na
quinta-feira. Os cientistas pensavam que o crescimento dos tecidos cerebrais
terminava no início da vida, e que o cérebro se adaptava posteriormente
organizando a sinapse entre os neurônios.
Ao examinar com ressonância
magnética cérebros de crianças e de adultos, os pesquisadores descobriram que a
região do córtex cerebral que aparentemente desempenha um papel chave no
reconhecimento dos rostos — chamada giro fusiforme — continuava crescendo até a
idade adulta.
Isto explicaria por que os
adultos reconhecem melhor os rostos que as crianças, revelaram os autores deste
estudo, apresentado na revista americana “Science“ e realizado com 47 pessoas
(22 crianças de 5 a 12 anos e 25 adultos de 22 a 28 anos). Os pesquisadores
determinaram que os adultos tinham proporcionalmente 12,6% a mais de matéria
cerebral no giro fusiforme que as crianças.
Kalanit Grill-Spector,
professora de psicologia do Instituto de Neurociências da Universidade de
Stanford, ressaltou que antes os cientistas pensavam que a formação do cérebro
ocorria apenas durante a infância e a adolescência, mas no que se refere ao
giro fusiforme esta formação vai além. Esta parte do córtex cerebral é única
nos humanos e nos grandes primatas.
Os cientistas também
examinaram outras zonas do cérebro envolvidas no reconhecimento dos lugares,
mas seu tamanho não variava com a idade.
Para Grill-Spector, esta
descoberta facilitará a compreensão de certos aspectos do envelhecimento e das
dificuldades de algumas pessoas para reconhecer rostos. Segundo este estudo, um
em cada cinquenta adultos seria afetado por este problema.
Também pode ser útil para
estudar o transtorno no espectro do autismo, que pode afetar a capacidade de
reconhecer rostos.
Estas observações foram
corroboradas por uma equipe do Centro de Pesquisa de Julich, na Alemanha, que
trabalhou com tecidos da mesma parte do córtex cerebral procedentes de
cadáveres. Os pesquisadores chegaram a extrair estruturas celulares que
mostravam que as do giro fusiforme dos adultos eram maiores.
O Globo
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