Mário tem 34 anos e foi para
as ruas por problemas com drogas (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
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Mário Batista da Cruz Júnior,
de 34 anos, é morador de rua e trabalha como vendedor ambulante. Há alguns
meses, decidiu voltar a estudar, fez a prova do Enem e conseguiu ser aprovado
em segundo lugar para o curso de Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
“Para mim foi uma grata
surpresa”, comenta Mário, que se matriculou esta semana no curso. Hoje, ele
dorme todos os dias no Centro de Referência Especializado para Pessoas em
Situação de Rua (Centro Pop) de Parnamirim, na Grande Natal, mas pretende
conseguir uma vaga na residência universitária.
Um dos passatempos de Mário no
Centro Pop é jogar xadrez (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
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Mário precisa chegar todos os
dias no início da tarde para garantir uma das 26 vagas do Centro Pop. Lá, além
de poder tomar banho, comer e dormir, ele tem atendimento social, jurídico e
psicológico e pode participar de atividades pedagógicas. “Vale a pena a gente
investir, e acreditar, e oferecer essa oportunidade aos moradores de rua”,
afirma Elienai Cartaxo, secretária de Assistência Social do município.
“Um cara superinteligente”,
nas palavras de um colega de albergue, Mário conta que sempre gostou de ler,
desde livros a jornais e revistas, e que se preparou para a prova lendo o
máximo que podia. Mário pega a maioria dos livros emprestada de uma minibiblioteca
do Coletivo For All, instalada no ‘caminhódromo’ do bairro Cohabinal, em
Parnamirim.
Dependência química
Mário se envolveu ainda jovem
com drogas e álcool e, por causa do vício, largou os estudos. “A dependência é
uma doença progressiva, ela vai aumentando a sua capacidade de destruição sobre
a vida da pessoa, então cada vez mais eu fui fechando as portas que se abriam
na minha frente. Acabou que no final de tudo eu estava na rua”, diz.
O morador de rua conta que
começou a beber quando tinha nove anos. “As primeiras vezes que eu tive
oportunidade de ter contato com substâncias químicas eu fiz questão de ter, de
conhecer uma por uma, e acabou que eu passei por todas, por uma questão de
curiosidade. Curiosidade mesmo, sobre o desconhecido, o proibido", explica.
Futuro
O calouro de Administração não
tem medo de novos desafios. “Tudo que eu tenho de bens materiais eu posso vir a
perder, mas o conhecimento que eu tenho, que eu coloco para dentro da minha
cabeça, nunca vou perder”, diz. “Vou fazer de tudo para estabilizar a minha
vida, conseguir firmar meus pés nessa nova fase de estudo, refazer os laços
familiares e ter dignidade de verdade.”
G1RN
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