Como explicar o fato de que a
Amazônia concentra 10% de toda a biodiversidade do planeta? Com um dente de
tubarão e uma lacraia do mar.
Uma série de cientistas já
defendia que a Floresta Amazônica teria sido invadida por água salgada. Mas
faltavam evidências concretas que cimentassem a teoria. Era uma possibilidade
atraente: uma mudança ecológica desse tamanho poderia facilmente causar a
pressão evolutiva necessária para que toda a diversidade de espécies que
conhecemos se desenvolvesse.
Para confirmar essa hipótese,
um time internacional cheio de grandes autoridades gringas foi reunido pelo
Instituto Smithsonian de Pesquisa Tropical. O foco de seus estudos foi uma
série de sedimentos encontrados em poços de petróleo na Colômbia e em rochas no
norte do Brasil. Nas camadas mais profundas, encontraram o dente de tubarão e o
crustáceo. Mas a prova mais relevante era bem menos impressionante: pólen,
muito pólen.
Não do tipo que vem de flores
e causa alergia na primavera, mas uma versão muito parecida produzida por
plantas aquáticas e algas. Eles são úteis porque o pólen que surge em água
salgada pode ser diferenciado daquele que vem da água doce.
Os cientistas analisaram 15
mil grãos individuais desse pólen, organizados ao longo do tempo em camadas. O
que perceberam é que esses grãos formavam sanduíches: duas camadas de pólen
marinho, separadas por várias camadas de pólen de água doce.
Para os pesquisadores, os
resultados apontam para duas inundações de água salgada. A primeira,
responsável pela primeira “fatia” do sanduíche, teria acontecido há 17 milhões
de anos. Foi rápida e seguida de um tempo mais tranquilo, de readequação da
fauna e da flora, que só durou entre 1 e 4 milhões de anos. Por fim, veio mais
uma inundação, igualmente curta, direto dos mares do Caribe, fechando o
sanduíche.
Mas como o mar teria invadido
a Amazônia? Graças aos movimentos tectônicos. Os mesmos movimentos geológicos
que “criaram” a cordilheira dos Andes também abaixara, temporariamente, o nível
do solo ao redor das montanhas, deixando a água entrar do Caribe, atravessando
a Venezuela, e chegando no Brasil. Tudo voltou ao normal quando os movimentos
geológicos se estabilizaram. Até mais uma forcinha das placas tectônicas,
milhões de anos depois, repetir todo o processo.
Super Interessante, Abril
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente