Ex-diretor do Idema, Gutson
Reinaldo, citou o governador Robinson faria em delação (Foto: Magnus
Nascimento/Tribuna do Norte)
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A denúncia da operação Dama de Espada aceita pela justiça traz detalhes
de como funcionava o esquema de desvios de recursos na Assembleia Legislativa
do Estado. A denúncia contém delações premiadas que revelam nepotismo cruzado
entre os poderes e como laranjas eram usados para desviar dinheiro. Vinte e
quatro pessoas já respondem na justiça. O governador do estado, na época
presidente da assembleia, foi citado no depoimento do principal delator e
também será investigado.
Na denúncia de 238 páginas, os promotores do patrimônio público detalham
como funcionava o esquema. Foram quase dois anos de investigação para
demonstrar como aconteceu o desvio milionário.
“Essa primeira denúncia tem amplo arsenal probatório. Foram ouvidas
testemunhas, colhidas informações bancárias, fiscais, outras decorrentes de
quebra de e-mails e quebra de sigilos telefônicos”, disse a promotora de
Justiça Keiviany Sena.
Um trecho da delação premiada de Gutson Jhonson Bezerra, ex-diretor do
Idema e filho da ex-procuradora da assembleia Rita das Mercês relata o
nepotismo cruzado entre poderes. Ele diz que usou a própria filha para
participar da troca de cargos. Ela teria recebido salário simultaneamente do
Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa. Ela ficaria com o valor da
Assembleia, e um desembargador ficava com outra parte do valor.
O ex diretor do Idema também revelou que o esquema beneficiava
deputados, entre eles o então presidente da Assembleia e atual governador do
estado, Robinson Faria.
Gutson conta que tinha total controle da conta de um funcionário
fantasma, inclusive cartão e senha. Ele disse ainda que ficava com R$ 1 mil e
os outros R$ 10 mil entregava na mão da mãe, Rita das Mercês, e que, segunda
ela, o dinheiro era para o presidente Robinson.
“A eventual participação de pessoas com foro serão encaminhados para os
respectivos tribunais. Uma eventual denúncia do governador será encaminhado
para o STJ que é o órgão competente para investigar e julgar. Essa foi só a
primeira de outras denpuncias que ainda virão”, disse Keiviany Sena.
Essa denúncia revela ainda que a ex-procuradora da Assembleia, Rita das
Mercês, teria recebido R$ 1,7 milhão em dinheiro desviado Gutson Bezerra teria
ficado com R$ 800 mil.
Por meio de nota, o governador Robinson Faria disse que não tem qualquer
envolvimento com as supostas irregularidades citadas, “o que será comprovado
com o andamento das investigações e da análise da justiça”.
Operação Dama de Espadas
A operação Dama de Espadas foi deflagrada em agosto de 2015. De acordo
com o Ministério Público, os desvios dos cofres da AL podem passar de R$ 5,5
milhões. Ainda segundo informações do Ministério Público, a associação
criminosa era composta por servidores públicos do órgão com o auxílio de um
gerente do banco Santander.
Eles utilizavam "cheques salários" como forma de desviar
recursos em benefício próprio ou de terceiros. Os cheques eram sacados, em sua
maioria, pelos investigados ou por terceiros não beneficiários, com
irregularidade na cadeia de endossos ou com referência a procurações, muitas
vezes inexistentes.
A então procuradora-geral da Assembleia Legislativa, Rita das Mercês, e
a assessora direta dela, Ana Paula Macedo Moura, foram presas durante a
operação, mas foram soltas por força de um habeas corpus três dias depois.
G1RN
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