A Assembleia Legislativa do
Rio Grande do Norte sediou debate, por propositura do deputado Hermano Morais
(PMDB), em torno da situação das agências bancárias destruídas no Estado, por
conta da criminalidade. A audiência pública, promovida nesta sexta-feira (12),
reuniu representantes de diversos municípios, agências bancárias e dos
Correios, além de autoridades da segurança pública estadual. O número de
ataques a agências bancárias e carros-fortes registrados este ano, em 27
cidades do RN, já chega a 36. Somando-se esses números aos ataques às agências
dos Correios este ano, já são 54 ocorrências em 38 cidades potiguares.
“Além do clima de insegurança
instalado por essas ações, a demora no restabelecimento dos serviços bancários
causa prejuízos para os cidadãos, que precisam se deslocar para municípios
vizinhos com a finalidade de resolver suas demandas bancárias e, por
consequência, acaba aplicando seus recursos nestas outras cidades”, justifica
Hermano Morais.
Esse é o principal problema
destacado pelo presidente da Federação dos Municípios do RN (Femurn), Benes
Leocádio, que sugeriu a união entre os poderes e entes envolvidos para
solucionar o problema. “Vivemos um momento de bastante apreensão. As cidades
estão ficando sem instituições bancárias e sem serviços. As ocorrências já
somam mais de três dezenas. Não é possível que estejamos regredindo à época em
que precisávamos ir até a capital para usar agência bancária. É hora de darmos
as mãos e dizer que alguma coisa precisa ser feita para ontem”, sugeriu.
Representante da União dos
Vereadores do RN, o vereador de São Paulo do Potengi Diogo Alves, destacou a
situação de alerta permanente nos municípios potiguares. “A palavra que ecoa é:
socorro. Pela incerteza do que pode acontecer na madrugada”, destacou.
O coordenador do Sindicato dos
Bancários, Gilberto Monteiro, ressaltou a importância dos bancos para a
economia nacional e elencou o período que algumas agências bancárias permanecem
fechadas. As agências das cidades de Acari, Lajes, Florânia, São Paulo do
Potengi, Caraúbas e Touros estão fechadas há três ou até cinco meses. Esse
período chega há 13 meses, como em Pedro Avelino e até 15 meses, que é o caso
de Afonso Bezerra. “Sabemos que não existe uma solução simplista, mas
precisamos de urgência”, disse.
O primeiro representante das
instituições financeiras alvo das ações dos bandidos a se pronunciar foi o
diretor geral dos Correios, Rodrigo do Patrocínio Medeiros. O gestor destacou o
investimento em segurança feito pela instituição. “Temos 182 agências no RN,
dessas, 24% estão sem poder prestar o serviço por algum problema em decorrência
de ação criminosa. O Correios investiu mais de R$ 10 milhões em segurança
apenas no RN. Ainda não sabemos a solução, mas essa iniciativa é válida e a
ideia de união entre os poderes e os entes é o que a gente precisa”, disse.
O representante do Banco do
Brasil, Luiz Gustavo Monteiro, destacou que o problema não é só do RN. “O Banco
do Brasil tem sofrido em todo o país. A gente enfrenta uma onda de crime
organizado e chegamos à conclusão que não conseguimos conter sozinhos”, disse.
Para Lamarck Rodrigues, gerente regional da Caixa Econômica Federal, além da
preocupação com as questões de segurança, há a preocupação com a manutenção dos
serviços. “Trabalhamos para que os serviços nas agências que sofrem ataques
sejam reestabelecidos e a população não seja mais penalizada”, disse.
Medidas
A segurança pública foi
representada pelo Comando da Polícia Militar no Interior do estado, Polícia
Civil e Secretaria Estadual de Segurança. Apesar de reconhecer que a situação é
grave, o delegado da Divisão Especializada de Combate Ao Crime Organizado
(Deicor), Marcuse de Oliveira Cabral, destacou que o número de crimes contra instituições
financeiras no interior não aumentou em relação ao ano anterior, mas sim o
potencial lesivo das ações. “A utilização do armamento pesado foi vulgarizada.
Tem também o caráter interestadual das quadrilhas organizadas. Aqui destacamos
a problemática de se investigar uma organização criminosa que tem ramificação
em todos os estados”, explicou.
O comandante da PM no
interior, Tenente Coronel Mendonça, e o delegado da Polícia Civil Correia
Júnior – representando a secretária estadual de Segurança Pública, Sheila
Freitas - também participaram do debate. “O aumento das facções criminosas
disseminaram suas ramificações em todos os estados e perceberam uma
vulnerabilidade no Nordeste”, disse.
A audiência pública foi
acompanhada por representantes dos Poderes Executivo e Legislativo dos
municípios atingidos, empresários, comerciantes, além de sindicatos e
associações.
ALRN
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