O presidente Michel Temer
participa de cerimônia em homenagem ao 152º aniversário da Batalha Naval do
Riachuelo, em Brasília. (Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS)
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Após o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) decidir por 4 votos a 3 livrar o presidente Michel Temer da
cassação, o próximo desafio do peemedebista será na Câmara dos Deputados. Na
próxima semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar
denúncia contra o pesidente e o ex-assessor Rocha Loures, com base da delação
do dono da JBS, Joesley Batista. A Constituição determina que a abertura de
processo seja autorizada pela Câmara, por 2/3 dos deputados.
Temer já se mobiliza para ter
os 172 votos necessários para barrar a abertura do processo contra ele, o que o
levaria a se afastar do cargo por 180 dias. O presidente tem recebido
deputados, aprovado pacote de bondades e usado nomeações no Diário Oficial para
agradar a base.
Os pedidos de impeachment
esbarram também na mesma barreira na Câmara. Ainda que o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM), mude de posição e aceite e abra um processo de impeachment
contra Temer, o caso só vai adiante se dois terços dos deputados aprovarem.
De acordo com assessores,
Temer tem os votos suficientes para barrar tanto a análise da denúncia contra
ele pelo Supremo quanto um impeachment.
O quadro pode mudar caso haja
novas revelações sobre o presidente. A pressão sobre Temer cresceu desde a
prisão de Loures e a revelação de que o presidente viajou, em 2011, com a
primeira-dama em um avião da JBS.
A expectativa recai hoje sobre
a possível delação de Rocha Loures. O ex-deputado, no entanto, usou o direito
de ficar calado no depoimento sexta-feira à Polícia Federal.
Temer e Loures são
investigados por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Loures é acusado de receber R$ 500 mil em propina da JBS em nome do presidente.
O suposto suborno seria a primeira parcela de uma propina de R$ 480 milhões a
ser paga ao longo de 20 anos, conforme o sucesso das transações da empresa.
Para o procurador-geral, Loures era o “longa manus" do presidente, um
faz-tudo.
As investigações sobre Temer e
Loures começaram a partir da delação premiada do executivos da JBS, entre eles
Joesley Batista. Na conversa gravada com Temer no porão do Palácio do Jaburu,
Batista disse que, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima investigado e fora de
circulação, precisaria de um outro interlocutor que falasse em nome do
presidente. O empresário fez a pergunta depois de discorrer sobre vários crimes
e interesses da JBS em cargos e decisões estratégicas governo. Temer indicou
Loures.
O empresário, então, perguntou
se poderia tratar de “tudo” com Loures. “Tudo”, respondeu Temer. Dias depois,
Loures foi gravado acertando com Batisa cargos e decisões do governo federal
mediante pagamento de propina. Na cena seguinte, o ex-assessor foi flagrado
recebendo uma mala de R$ 500 mil entregue a ele por Ricardo Saud a mando de
Batista. Um dos executivos da JBS a fazer delação, Saud era um dos operadores
da propina da empresa.
O Globo
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