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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Comitiva do Rio Grande do Norte conhece estratégias e cases de sucesso do turismo alemão no estado da Renânia-Palatinado

Conhecer as estratégias de gestão e desenvolvimento de destinos turísticos, em todas as suas facetas. Este foi o foco da comitiva de representantes do Rio Grande do Norte, liderada pelo presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, que esteve por uma semana (de 17 a 24 de junho) visitando a região do Rio Mosel, a convite do governo do estado da Renânia-Palatinado e da Câmara de Comércio e Indústria da Cidade de Trier (IHK). A agenda incluiu workshops, palestras e visitas em cinco cidades.

O sucesso da região como destino turístico, com produtos diversificados, é atribuído principalmente à união dos setores público e privado na gestão e formação de profissionais que atendem ao setor, análise e aproveitamento de dados estatísticos e ações com foco na sustentabilidade ambiental, financeira e geográfica. 

Os potiguares conheceram a fundo o trabalho realizado pela Agência de Promoção Turística da região do Rio Mosel (que inclui o trecho entre Trier e Koblenz). Ao todo são 132 municípios nos quais a atividade turística é plenamente integrada. Juntos, eles recebem por ano cerca de 2,5 milhões de turistas, que movimentam o equivalente a R$ 4,9 bilhões (1,3 bilhão de euros).

Na opinião do presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, a simples comparação dos números com a realidade potiguar já ratifica o longo caminho que o estado brasileiro tem a percorrer. “O Rio Grande do Norte recebe número semelhante de turistas e fatura, com eles, cerca de R$ 1,7 bilhão, pouco mais de um terço do que a região alemã consegue”, compara, analisando também a geração de postos de trabalho. “Lá o turismo gera quase 23 mil empregos diretos, em uma região com cerca de 304 mil habitantes. Ou seja, se calcularmos a proporção com a população do RN (3,409 milhões) seria como se o nosso turismo gerasse mais de 232 mil empregos, quando gera apenas cerca de 100 mil”, explica Queiroz.

Formação

A comitiva potiguar encontrou também muitas diferenças entre a gestão do turismo na Renânia-Palatinado e a que é praticada pelos estados brasileiros. A principal delas diz respeito à formação profissional. A Alemanha é o país onde melhor funciona o Sistema Dual de Formação e Aperfeiçoamento, uma espécie de evolução do formato de aprendizagem/estágio vigente no Brasil.

O Dual tem como base a forte integração entre a sala de aula e a prática nas empresas, sobretudo nas áreas de comércio, serviços, turismo e indústria; além de total ausência do poder público no relacionamento entre empresas e alunos.

Por ele, são formados por ano 4.200 pessoas apenas na cidade de Trier e 780 mil na Alemanha inteira. Todas as formações são de, no mínimo, dois anos, podendo chegar a três. Um terço desse tempo é passado dentro das empresas, com os aprendizes atuando por até oito horas diárias.

“É muito importante ressaltarmos que o aprendiz do Sistema Dual não é tratado pelas empresas como mais um dos seus colaboradores. Há uma preocupação em, de fato, qualificá-lo para aquela profissão e, em muitas empresas, áreas inteiras específicas para a atuação dos aprendizes do Sistema Dual”, afirmou o consultor da IHK Trier, Christian Reuter.

A cada ano, dois mil novos alunos se inscrevem em algum dos cursos apenas nas cidades da região dos rios Mosel e Reno. São cerca de 180 profissões incluídas no modelo Dual, que tem entre suas caraterísticas um formato rígido de avaliação, incluindo até três avaliadores para cada exame final. A absorção desses profissionais pelas empresas chega a quase 100%.

Alternativa para o Brasil
Para aplicar o Sistema Dual como ele é, o Brasil teria que adequar tanto a legislação trabalhista como o seu Ensino Médio. A normas brasileiras não permitem contratos de aprendizagem iguais aos que a Alemanha utiliza, por exemplo.

O Código Brasileiro de Ocupações, o CBO, também é extremamente rígido e pouco abrangente. É alto o nível de qualificação dos egressos do Sistema Dual. A maioria dos cursos, forma que chama de profissionais “multitarefa”. Um profissional que tenha um espectro mais amplo de atuação e qualificação estará sob ameaça do chamado “desvio de função”. Apesar disso, a comitiva norte-rio-grandense vê possibilidade de trazer um sistema semelhante que se adeque à realidade local.

“Vamos continuar debatendo formas de trazer para o Rio Grande do Norte pelo menos uma versão adaptada do sistema, evoluindo alguns formatos que já temos no Senac”, diz Marcelo Queiroz, informando que para isso contará com a presença do especialista da Câmara de Comércio de Trier, Christian Reuter, em Natal no mês de dezembro.

Estratégias e estatísticas

A questão do controle estatístico como base para definição de estratégias de longo prazo é levada muito a sério pelos alemães. Para se ter uma ideia, eles dispõem de um banco de dados que remonta ao ano de 1981 até os dias atuais. Nele estão incluídos o detalhamento de polos-emissores e gastos realizados pelos turistas em toda a cadeia turística.

Pesquisas sobre o perfil dos visitantes já são realizadas no RN, inclusive pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), da Fecomércio. “Ao conhecer o trabalho deles percebemos que podemos melhorar em muitos pontos e faremos isso de imediato. Em outras, vamos ainda conversar com os demais membros da missão e até com os poderes públicos e outros atores do setor”, pontua o presidente Marcelo Queiroz.

Na região do Mosel, uma agência privada, a Trier Tourism und Marketing (TTM), cuida das ações de marketing, gestão e planejamento turístico. A comitiva potiguar teve pelo menos duas reuniões e apresentações técnicas com esta empresa nas quais foram apresentadas as estratégias de relacionamento com os públicos-alvo desenvolvidas com o objetivo de consolidar a atividade turística como um motor cada vez mais importante para a economia.

Uma das estratégias é apostar em eventos e em visitas guiadas temáticas, aproveitando o perfil histórico da região que tem cinco monumentos declarados pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade, entre eles, monumentos romanos, Catedral de São Pedro e Igreja de Nossa Senhora em Trier.

A qualificação do atendimento também entra na lista de diferenciais utilizados, trata-se da “Costumer Journey”. A agência realizou pesquisas e traçou perfis que definiram cinco “personas”, que são clientes que se enquadram nos padrões do público alvo de cada destino. A definição dos perfis desses clientes foi feita com base em pesquisas qualitativas e que delinearam, entre outras coisas, pontos como os atrativos preferidos, o tipo de hospedagem, a distância da residência e o tempo de permanência pretendidos.

De posse dos perfis do público-alvo de cada destino, a agência, em parceria com as entidades que a mantém, passou a monitorar clientes que se encaixassem neles e a ouvi-los de forma mais detalhada para saber, por exemplo, quando iam procurar comprar efetivamente o pacote, que motivos poderiam fazê-lo desistir da viagem. O material direcionado às “personas” leva em conta as características de cada um, por exemplo, com uma folheteria em letras maiores para o público da terceira idade ou uma base de comunicação mais personalizada para esportistas.

Outra ferramenta que impressionou os potiguares foi uma ampla e diversificada plataforma de comunicação, com site (www.rlp.tourismusnetzwerk.info), aplicativos e reuniões por videoconferência, desenvolvidos pela Agência Estadual Para o Desenvolvimento Turístico da Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz Tourism Gmbh, a RPT).

A comitiva

O grupo potiguar que esteve na Renânia-Palatinado deste vez contou com 16 pessoas, incluindo o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, o diretor regional do Senac RN, Fernando Virgílio, fazem parte da comitiva: o secretário-adjunto de Turismo do RN, Manoel Gaspar Neto; a secretária de Turismo de Natal, Christiane Alecrim; o coordenador da Câmara Empresarial do Turismo da Fecomércio RN, George Gosson; a subsecretária de Turismo e coordenador dos polos turísticos do RN, Solange Portela; a secretária de Turismo de São Miguel do Gostoso, Janielle Linhares; a secretária de Turismo de Tibau do Sul, Elizabeth Bauchwitz; o secretário de Turismo de Serra de São Bento, Clovis Magdiel Figueiredo; o presidente da Abav RN, Abdon Gosson; o presidente da ABIH RN, José Odécio Rodrigues; o vice-presidente do Natal Convention Bureau, George Costa; a presidente da Emprotur RN, Ana Maria Costa; o cônsul honorário da Alemanha no RN, Axel Geppert; o assessor da Diretoria Regional do Senac RN, Estácio Guimarães; e o assessor de Comunicação e Marketing do Sistema Fecomércio RN, Luciano Kleiber. Todos os custos da missão ficaram por conta do governo alemão, incluindo passagens e taxas de embarque dos que foram até a cidade de Trier.

Quadro histórico

A parceria entre o Rio Grande do Norte e a Renânia-Palatinado não começou com esta viagem. Os primeiros contatos entre os dois estados começaram em 2009 e, desde então, já houve várias visitas de parte a parte. No caso específico do turismo, a primeira missão que tratou do tema de forma particularizada foi conduzida também pela Fecomércio RN em 2014, quando foram visitadas 13 cidades em dez dias.

Teve início então uma rica troca de experiências no segmento. Como fruto disso, desde 2015, o portfólio de cursos do Senac no eixo de Turismo vem sendo incrementado, sobretudo na área de Gastronomia, graças a esse intercâmbio, com a vinda de consultores alemães para realizar treinamentos junto com a equipe de instrutores do Senac.

No ano passado, inclusive, o estado da Renânia chegou a investir 37 mil euros na montagem, dentro da estrutura do Senac, de um laboratório completo de panificação para a realização de cursos nesta área. Quase 10 cursos foram viabilizados por meio dessa capacitação.

Desta vez, a comitiva chegou, também, a assinar um protocolo de intenções para um futuro intercâmbio de profissionais da área de promoção turística com a TTM.

Números
Sistema Dual
4.200 pessoas formadas por ano apenas em Trier
780 mil pessoas formadas por ano na Alemanha
Cursos de dois a três anos.
2 mil novos inscritos no sistema por ano
180 profissões incluídas no formato
33% dos jovens alemães se formam pelo Dual (na Europa, 10%)
100% dos formados são absorvidos pelo mercado

A região dos rios Mosel e Reno
132 cidades
2,5 milhões de turistas por ano
Receita equivalente a R$ 4,9 bilhões/ano
23 mil empregos diretos no turismo

Fecomércio RN

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