MPF acredita que Henrique
Eduardo Alves manteve influência no governo mesmo após saída (Foto: Ueslei
Marcelino/Reuters)
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Para o MPF, mesmo investigado,
Henrique continuou tendo trânsito livre, marcando reuniões, indicando pessoas e
influenciando em ministérios.
"Foi apreendido celular
de Henrique Alves e foram encontradas diversas mensagens já de 2017 com
indícios de prática de tráfico de influência em diversos ministérios. O
ex-ministro pediu exoneração do cargo, mas não deixou de ter influência no
governo federal", disse o procurador Rodrigo Telles de Souza.
Para exemplificar a influência
exercida por Henrique Alves, os procuradores dizem que mensagens capturadas no
celular do ex-ministro comprovam que ele indicou a nomeação de Henrique Pires
como secretário nacional de Estruturação do Turismo. O cargo é responsável por
liberação de recursos do governo federal para estados e municípios. "Em
uma das mensagens ele disse que o indicado 'é um dos nossos'", disse
Rodrigo Telles.
Henrique também exerceu
influência para acelerar a transferência de uma servidora do Ministério do Meio
Ambiente para o Rio Grande do Norte. Ainda de acordo com os investigadores,
Alves também exerceu influência nos Ministérios da Educação e dos Transportes.
"Desde que pediu
exoneração, justamente por ser investigado, ele fez viagens semanais a
Brasília. Indica que ele continuava a desenvolver suas atividades criminosas.
Isso reforça a necessidade da prisão do ex-deputados. Está patente que as atividades
eram intensas", disse o procurador Fernando Rocha de Andrade.
Os dois ex-deputados – que
estão presos – são acusados pelos procuradores da República de terem recebido
propinas disfarçadas de doações eleitorais, oficiais e não oficiais, entre 2012
e 2014. Em troca do suborno, afirma o MPF, eles teriam atuado para favorecer
empreiteiras como OAS e Odebrecht nas obras da Arena das Dunas, em Natal, uma
das sedes da Copa do Mundo de 2014.
As defesas dos dois
ex-deputados do PMDB afirmaram ao G1 que não iam comentar a denúncia porque
ainda não tiveram acesso à peça judicial.
Além dos dois peemedebistas, o
MPF também denunciou, no mesmo processo, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o
ex-dirigente da Odebrecht Fernando Reis e mais duas pessoas supostamente
ligadas a Henrique Alves, que foi ministro do Turismo nos governos Dilma
Rousseff e Michel Temer.
Os outros dois denunciados
pelo MPF no processo da Manus são Carlos Frederico Queiroz Batista da Silva,
aliado político de Henrique Alves, e o publicitário Arturo Silveira Dias de
Arruda Câmara, cunhado do ex-ministro do Turismo.
Os seis foram investigados
pela Operação Manus, um desdobramento da Lava Jato. A denúncia, de 89 páginas,
pede que os acusados sejam, ao final da ação, condenados ao pagamento de R$
15,5 milhões por danos materiais e morais para ressarcir os crimes que cometeram.
Para virar ação penal, a
denúncia precisa ser recebida pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Não
há previsão de quando o juiz responsável pelo caso irá analisar a acusação do
MPF.
Repasses por conta de campanha
de Temer
No pedido de prisão feito
ainda na deflagração da operação Manus o MPF relatou que a empreiteira OAS
pagou R$ 500 mil de propina a Henrique Alves, em 2014, através da conta do
então candidato a vice-presidente Michel Temer. No entanto, para o MPF, o
dinheiro, apesar de ser de origem ilícita, passou pela conta de campanha do
presidente como doação, o que não comprova participação do presidente nas
negociação e distribuição de propina.
"No caso não tem indício
de envolvimento criminoso do presidente. A conta de campanha serviu de mera
passagem. Nas investigações não se detectou nenhum elemento que aponte no
sentido de alguma conduta criminosa por parte do presidente Michel Temer”,
explicou o procurador Rodrigo Telles.
G1RN
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