Após quase quatro horas de
exposição nesta sexta-feira (9), o ministro Herman Benjamin, do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), votou pela cassação da chapa Dilma-Temer.
Relator do processo que
investiga a campanha de 2014, Benjamin foi o primeiro a votar no julgamento
sobre o mérito do caso. "Meu voto é pela cassação da chapa presidencial
eleita em 2014 pelos abusos que foram apurados nesses quatro processos",
afirmou o ministro.
Após o voto do relator, a
sessão foi suspensa para um intervalo de almoço. Depois do intervalo, votarão
os outros seis ministros.
Depois de um debate entre os
ministros sobre a validade dos depoimentos colhidos após a apresentação da
ação, Benjamin começou a apresentar o voto na tarde desta quinta-feira. Ele se
manifestou até as 20h03, horário em que o julgamento foi suspenso. Na retomada,
nesta sexta, o ministro deu continuidade às 9h28 e anunciou o voto às 13h19.
Petrobras
Durante seu voto, Benjamin entendeu
que a primeira demonstração de abuso foi a acumulação ao longo do tempo, por PT
e PMDB, de recursos de propina paga por empreiteiras contratadas pela
Petrobras, usados posteriormente, segundo a acusação, no momento da disputa
eleitoral.
“Os partidos que encabeçaram a
coligação Com a Força do Povo acumularam recursos de ‘propina-gordura’, ou
‘propina-poupança’, que lhes favoreceram na campanha eleitoral de 2014.
Trata-se de abuso de poder político e ou econômico em sua forma continuada,
cujos impactos sem dúvida são sentidos por muito tempo no sistema político
eleitoral”, afirmou.
O ministro também considerou
ter ocorrido abuso num episódio envolvendo o pagamento de US$ 4,5 milhões ao
casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, a partir de uma propina paga
pelo Grupo Keppel Fels para obter contratos de construção de navios-sonda para
a Petrobras e a Sete Brasil.
“Temos uma contratante da
Petrobras, temos pagamento tirado de um crédito rotativo, de uma conta poupança
de propina da Keppel Fels para o partido do governo, e esses recursos foram
utilizados para pagamento de marqueteiros de 2014. Que os pagamentos sejam
relacionados a débitos de 2010, 2012, isso é irrelevante, porque sem esses
pagamentos, os marqueteiros não fariam a campanha de 2014”, afirmou o relator.
Uma terceira prova de abuso
estaria no repasse da Keppel Fels para o PT, que, por sua vez, repassava para a
campanha de Dilma em 2014. “O partido foi apenas uma espécie de entreposto
entre quem efetivamente estava pagando e quem efetivamente estava se
beneficiando”.
Sobre esses três pontos, o
ministro insistiu tratavam-se de repasses à campanha com dinheiro oriundo da
Petrobras, para reforçar a tese de que não teria extrapolado o que foi pedido
para ser investigado na ação do PSDB. A ampliação da investigação para incluir
casos envolvendo a Odebrecht é um dos principais questionamentos das defesas
para anular provas do processo e esvaziar o caso.
“Nós estamos falando aqui só
de contratos da Petrobras. Estou fazendo essa leitura até cansativa, pulando
páginas e páginas, mas apenas para demonstrar meu compromisso com aquilo que é
o polo central da petição inicial, a Petrobras”, disse o ministro.
G1
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