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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crise, boa safra e conta de luz puxam inflação para baixo, dizem economistas

A inflação brasileira tomou um tombo em um intervalo muito curto. A alta generalizada dos preços fechou 2015 em mais de 10%, mas deve terminar 2017 na casa dos 3%, segundo previsões de economistas e analistas do mercado. O alívio nos preços na economia é reflexo da recessão, que freou o consumo dos brasileiros, dizem economistas ouvidos pelo G1.

Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) teve deflação de 0,23%, a primeira em 11 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Essa crise que a gente está vivendo faz com que as pessoas fiquem mais comedidas com relação a consumo. Isso naturalmente acaba gerando um excesso de oferta que acaba puxando os preços para baixo”, aponta Otto Nogami, professor de Economia do Insper.

Também ajudaram a segurar a inflação, especialmente no último mês, a queda nos custos de energia e a boa safra agrícola neste ano, que eleva a disponibilidade de produtos no mercado e alivia a pressão sobre os preços para os consumidores.

Além dos fatores sazonais que puxaram os preços da economia especialmente para baixo em junho, José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, cita outros elementos que vêm construindo o cenário de desaceleração da alta de preços desde 2015.

Uma delas é a taxa de câmbio. O dólar chegou a passar de R$ 4 no primeiro semestre do ano passado e hoje está em cerca de R$ 3,30. Outro ponto destacado é a mudança na política de preços administrados pelo governo. “Você junta todos esses elementos e tem algo que puxa muito para baixo a inflação”, diz Gonçalves.

Quais os efeitos da inflação baixa?

Em geral, inflação em baixa significa mais espaço para corte de juros para aquecer a atividade da economia, como comenta Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. Por isso, para ela, a inflação baixa é um “bom problema”.

“Se perceber que a inflação está muito mais baixa do que se imaginava, ótimo, que bom ter essa ‘gordura’ para cortar juros”, diz Latif.

Por outro lado, o desaquecimento dos preços pode demonstrar que a demanda dos consumidores está abaixo do que o país é capaz de produzir – o que, no geral, pode representar um problema.

“Inflação baixa representa uma economia pouco aquecida, sem condições de reagir”, explica André Braz, coordenador do IPC da FGV/IBRE.

Nogami acrescenta que, quando há deflação, como a registrada em junho, o sinal pode ser ainda mais negativo. “Apesar de ser interessante [para o consumidor] do ponto de vista de queda de preços, pode estar apontando uma anomalia de natureza conjuntural”, explica. “Via de regra, esse fenômeno significa que a sua condição de produção está maior do que o desejo de consumo da sociedade. Tem um desequilíbrio na produção e consumo. ”

Outro problema que a queda de preços ou a inflação baixa podem trazer é o desestímulo aos investimentos das empresas para aumentar a produção, já que a demanda dá sinais de fraqueza. “Se os preços caem, que estímulo as pessoas têm para investir? ”, questiona o economista Heron do Carmo, professor da FEA/USP.

Inflação no Brasil: o cenário de agora preocupa?

Os economistas ouvidos pelo G1 explicam que os fenômenos de inflação baixa ou deflação não estão presentes na economia de forma generalizada, e sim respondendo a fatores conjunturais. Por isso, eles dizem que a inflação baixa de agora não pode ser apontada como prejudicial à economia.

Braz aponta que a inflação baixa está concentrada atualmente nos alimentos e na energia elétrica, o que não caracteriza um cenário preocupante de queda generalizada de preços. “A inflação negativa preocupa mais quando está presente na maioria dos itens da cesta de consumo da família, incluindo alimentos, bens duráveis, serviços. Mas não é o que está acontecendo. ”

O Banco Central estabelece uma meta para a inflação de 2017, de 4,5%. Esse é o patamar central da meta, que tem tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo – ou seja, o teto da meta da inflação é de 6% e o piso, de 3%. Em 12 meses até junho, a inflação oficial registrou variação de 0,23%, ou seja, dentro do intervalo permitido.

Inflação fraca é incomum no Brasil

Após a entrada em vigor do real, nos anos 90, o Brasil teve poucos picos de inflação baixa ou meses de deflação. O primeiro e mais intenso deles foi o período entre 1997 e 1998, marcado por recessão e mudança na política de câmbio.

“Em 1998, um dos fenômenos mais representativos foi o controle que o BC efetuou sobre a taxa de câmbio. O BC segurou num patamar muito distante daquilo que seria o de mercado, e isso fez com que os insumos importados chegassem mais baratos na linha de produção”, lembra Nogami.

De 1998 em diante até 2002, a taxa de inflação flutuou, mas com tendência de alta, destaca Nogami, especialmente em momentos de disparada do dólar em relação ao real. Isso porque, com a moeda dos Estados Unidos mais valorizada, além dos produtos importados ficarem mais caros, os que são fabricados internamente com insumos de fora também pressionam os preços.

“Num primeiro momento, em 1999, podemos atribuir a alta da inflação à desvalorização da moeda nacional. Outro pico que ocorreu em 2002 também é efeito dessa desvalorização significativa do real, em função da perspectiva de mudança de governo em 2003”, relembra o professor do Insper. Da mesma forma, momentos de baixa do câmbio também tendem a puxar a taxa de inflação para baixo, como ocorreu no ano 2000.

O Brasil não tem histórico de longos períodos de inflação baixa. André Braz diz que isso se deve a uma união de fatores, como flutuação do dólar, políticas de preços administrados pelo governo e indexação (mecanismo de atrelar a alta de produtos e serviços de acordo com índices de inflação).

“Tem a inércia também”, acrescenta o especialista. A questão é a expectativa dos empresários. Se eles não acreditam que a inflação vá cair, se antecipam ao aumento esperado e sobem seus preços. Isso gera, então, uma inflação por expectativas. “Hoje, o empresário está convencido de que a inflação está controlada. Mas, no passado, a preocupação quanto ao cumprimento de meta era muito grande. ”

G1

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