A procuradora aposentada Rita
das Mercês afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que o governador
Robinson Faria, na condição de presidente da Assembleia Legislativa, desviava
em proveito próprio cerca de R$ 100 mil por mês.
O depoimento serviu para o
ministro Raul Araújo autorizar a Operação Anteros, que levou para à prisão
Magaly Cristina e Adelson Freitas. Ambos foram flagrados pela Polícia Federal,
a partir, inclusive, de ações controladas, negociando, em nome do governador, o
silêncio de Rita das Mercês.
As informações constam na
decisão do ministro do STJ e à qual a reportagem teve acesso. Toda a
investigação tramita sob sigilo.
Em nota, a defesa do
governador Robinson Faria negou que ele tenha praticado qualquer irregularidade
durante o período em que foi deputado estadual e presidente do Legislativo.
O caso
Há pouco mais de dois meses, a
procuradora aposentada da Assembleia Legislativa procurou o MPF para narrar
que, quando assumiu a presidência do Legislativo, em 2006, Robinson passou a
controlar a folha de pessoal e incluir “pessoas que não exerciam quaisquer
funções no Órgão, com o único objetivo de desviar recursos públicos oriundos de
suas remunerções em favor do Presidente e de outras pessoas”, diz trecho da
decisão.
Segundo Rita narrou, eram três
as modalidades de desvios: através de servidores irregulares que recebiam
gratificações, já que não havia mais cargos disponíveis na ALRN e
arregimentação de pessoas que passaram a ser incluídas na folha, mesmo sem
cargo ou função designada, além de um esquema envolvendo servidores e que já
foi denunciado pelo Ministério Público Estadual.
“[Rita das Mercês]Informou,
outrossim, que Robinson Faria embolsava com o desvio das verbas públicas em
tela cerca de R$ 100 mil mensais, situação que perdurou até o fnal de seu
mandato na Presidência da ALRN, em dezembro de 2010”, diz trecho da decisão.
Obstrução
Ao Ministério Público Federal,
Rita levou gravação de conversa com Adelson Freitas dos Reis, homem de
confiança do governador. Na conversa, Adelson informava que o governador “teria
mandado dizer que arcaria com os custos de sua defesa no processo [da Dama de
Espadas]”, diz a decisão. Adelson está preso provisoriamente por suspeita de
obstrução de justiça e associação criminosa.
A partir daí, o MPF pediu
quebras de sigilos e a PF passou a monitorar o caso. Adelson foi apanhado
posteriomente na casa de Rita entregando-lhe dinheiro.
Já Magaly Cristina tem relação
com o governador desde 1987. Ela foi uma das pessoas de confiança durante a
gestão de Robinson na AL. Segundo as investigações, ela foi apanhada tentando
colaborar com a obstrução através de um contato com a filha de Rita das Mercês.
Outro lado
Em nota, a defesa de Robinson
afirmou que “o governador Robinson Faria nega veementemente a prática de
qualquer irregularidade durante seu mandato de deputado estadual, encerrado em
2010 e reforça que sempre esteve à disposição para prestar qualquer
esclarecimento”.
O texto diz ainda que “Apesar
de não concordar com a diligência realizada nesta data, tem profundo respeito
pela justiça e confia no rápido restabelecimento da verdade.
Até o momento a defesa não
teve acesso aos autos.”.
Dinarte Assunção, Ponto ID
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