A vereadora do Rio Marielle
Franco (PSOL) foi morta a tiros na noite desta quarta-feira, 14, dentro de um
carro na região central carioca, quando ia de um evento para casa. O motorista
do veículo também foi assassinado. Ela, de 38 anos, ficou conhecida como
militante do movimento negro e de direitos humanos, com denúncias recentes de
violência policial contra moradores de favelas no Rio.
Até 1 hora desta quinta, a
polícia não havia esclarecido se a vereadora havia sido alvo de assaltantes ou
se foi vítima de execução. Houve ao menos nove disparos e o criminoso conseguiu
fugir, sem levar nada.
O ataque aconteceu na esquina
da Rua Joaquim Palhares com a João Paulo I. Um automóvel emparelhou com o carro
de Marielle, que seguia da Lapa para a Tijuca, e foram feitos os disparos
contra o veículo.
O motorista foi identificado
como Anderson Pedro Gomes, de 39 anos. Após ser atingido pelos tiros, ele ainda
conseguiu trafegar cerca de 30 metros. No local, há uma câmera da Companhia de
Engenharia de Tráfego, mas ainda não se sabe se o equipamento estava funcionando.
No veículo, também estava
Fernanda Chaves, assessora parlamentar de Marielle, de 43 anos. Ela foi
atingida por estilhaços e levada para o hospital. Nesta quinta, no início da
madrugada, ela já havia sido liberada e prestava depoimento à polícia.
No local do crime, havia
grande concentração de pessoas – várias delas bastante abaladas. O deputado
estadual Marcelo Freixo (PSOL), que estava no local do crime na noite desta
quarta, disse que as características da morte “são muito nítidas de execução”.
Segundo ele, porém, nem a
família nem os amigos tinham informações sobre possíveis ameaças contra a
vereadora. “Cabe à polícia investigar. Esse é um crime contra a democracia.” Ao
lado de Freixo, Marielle coordenou a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa.
Na Câmara Municipal do Rio,
ela fazia parte da comissão que acompanhava a intervenção, como forma de coibir
abusos das Forças Armadas e da polícia. Há oito dias, ela compartilhou denúncia
de moradores de Acari, favela na zona norte carioca, sobre o suposto homicídio
de dois jovens por policiais, além de ameaças por PMs. À época, a corporação
não confirmou as mortes.
O crime aconteceu no mesmo dia
que quatro PMs foram presos suspeitos de integrar milícia na Baixada
Fluminense.
Indignação. Correligionário de
Marielle, o deputado federal Chico Alencar lamentou a tragédia. “Tem de apurar
séria e rapidamente porque isso pode ser o início de uma escalada sem tamanho,
de um caos”, afirmou.
Alencar pretende viajar nesta
quinta de Brasília até o Rio para acompanhar os desdobramentos. Para ele, uma
das linhas de investigação deve ser a de execução, principalmente por causa das
denúncias feitas pela colega. Em nota, o PSOL disse ter sido um “crime
hediondo”.
O prefeito do Rio, Marcelo
Crivella (PRB), decretou luto oficial de três dias. “Não vamos deixar que sua
trajetória seja esquecida, não permitiremos que esse crime fique impune.” Já o
governador Luiz Fernando Pezão (MDB) disse que foi um ato de “extrema
covardia”.
Em nota, o Palácio do Planalto
informou que vai acompanhar toda a apuração. Segundo o texto, o ministro da
Segurança, Raul Jungmann, falou com o interventor, general Braga Netto, e
“colocou a Polícia Federal para auxiliar em toda a investigação”.
Estadão
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