Olhando para as dez convocações anteriores feitas por Tite, a desta
segunda-feira, por motivos óbvios, é muito mais aguardada do que todas elas. A
cada nome citado pelo técnico no auditório da CBF, a partir das 14h, será dada
mais do que uma oportunidade de defender a seleção brasileira: será a
confirmação aos 23 jogadores de que eles farão parte do seleto grupo dotado da
responsabilidade de vestir a camisa do Brasil em uma Copa do Mundo. E convencer
Tite quanto ao merecimento demanda trabalho.
Para dar subsídios ao
treinador na montagem do time ideal para a Rússia-2018, a comissão técnica da
seleção viajou muito durante os últimos dois anos. Desde o início da era Tite,
em junho de 2016, o técnico e sua equipe assistiram — in loco — a 251 partidas.
Fora o incontável número de jogos vistos pelas televisões da muito frequentada
sala de trabalho na CBF.
Em 2016, foram 72 partidas in
loco (17 no exterior e 55 no Brasil). Em 2017, único ano com trabalho do início
ao fim da atual comissão técnica, foram 138 (73 no exterior e 65 no Brasil). Em
2018, mesmo com apenas duas partidas disputadas, foram 41 jogos observados (22
fora e 19 no Brasil). Unindo os dados, são 112 partidas no exterior e 139 em
solo brasileiro.
A observação in loco tem
componentes que os jogos pela TV não dão. Além da possibilidade de ver a
partida como um todo, Tite já citou que vê nas viagens uma demonstração de
prestígio a cada jogador. E isso ainda se torna um fator motivacional para que
o atleta busque o melhor desempenho possível no clube, ainda que não apareça
nas convocações.
Com essa filosofia e como não
conseguiria estar em todos os lugares ao mesmo tempo, Tite contou com o apoio
dos auxiliares Sylvinho, Cleber Xavier e Matheus Bacchi, além dos analistas de
desempenho Fernando Lázaro e Thomaz Araújo. O preparador de goleiros, Taffarel,
e o preparador físico, Fabio Mahseredjian, também participaram do ciclo de
viagens.
— A visualização in loco é
algo que o Tite pede muito, para ampliar o julgamento dos analistas em relação
a um sistema tático, posição/função ou a forma de um jogador se comportar em
lances de ataque e defesa — explicou Edu Gaspar, coordenador de seleções, ainda
nos primeiros meses de trabalho na CBF.
Contando com o Brasil, a
comissão técnica da seleção passou por 12 países. Alguns cujas ligas
tradicionalmente fornecem jogadores à equipe nacional e outros que viraram
destinos alternativos graças ao investimento pesado no futebol — como é o caso
da China. Houve até uma viagem aos Estados Unidos, em julho de 2017, para ver
quatro partidas de grandes clubes da Europa em torneios amistosos de
pré-temporada.
Acompanhar os jogadores de
perto também é uma forma de “driblar” as dificuldades de ser um treinador de
seleção: junção esporádica do grupo, com pouco tempo para treinar e, em geral,
dois jogos em um período aproximado de dez dias.
Depois de dez convocações, 19
partidas (12 pelas Eliminatórias e sete amistosos) e 64 jogadores convocados, a
seleção só perdeu um jogo com Tite na rota que visa à conquista do hexa.
DÚVIDAS FINAIS
O treinador deu uma cara à
seleção brasileira. Hoje, a maior parte do grupo está consolidada e restam
poucas dúvidas no preenchimento das vagas para a Copa — a essa altura,
espera-se que só para o torcedor. A interrogação mais recente surgiu em relação
à lateral direita, já que Daniel Alves não terá condições físicas de ser
convocado. Danilo, do Manchester City, e Fagner, do Corinthians, foram os dois
utilizados com maior frequência na posição. Rafinha, do Bayern de Munique,
corre por fora.
A lateral esquerda também tem
uma disputa interessante. Filipe Luís e Alex Sandro brigam pelo espaço. A
postura da comissão técnica de mudar a programação de observação — cancelando
compromisso na Turquia para acompanhar, na Espanha, a reta final de recuperação
do jogador do Atlético de Madrid — mostra a moral que Filipe Luís tem com Tite.
No ataque, com Gabriel Jesus e
Roberto Firmino assegurados, Tite tem nas mãos a decisão de levar ou não um
centroavante mais avantajado fisicamente — Willian José seria esse nome. Sem
ele, a tendência é que a vaga vá para um meio-campista. Seja ele um “ritmista”
ou não. Arthur, do Grêmio, e Giuliano, do Fenerbahçe, estão ansiosos.
Cássio, do Corinthians, e
Neto, do Valencia, são dois que brigam pela vaga de terceiro goleiro. Na zaga,
Pedro Geromel, do Grêmio, é o favorito para a quarta vaga. A conferir o
desfecho.
O Globo
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