Mais de cem representantes do
Sistema Comércio estiveram reunidos no primeiro Encontro Nacional de
Sustentabilidade, realizado nos dias 6 e 7 de junho, no Teatro Sesc-Senac, no
Rio de Janeiro.
O encontro discutiu as
práticas sustentáveis desenvolvidas pelas instituições do setor e também
inovações e tecnologias ecoeficientes que vêm mitigando os impactos ambientais
das ações empresariais do comércio, gerando oportunidades para ganhos de
negócio. Destaque também para a reformulação do Ecos – Programa de
Sustentabilidade, que agora está de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A mesa de abertura contou com
as presenças de Alexandre de Marca, chefe da Divisão de Saúde e Recursos
Humanos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC),
representando o presidente da entidade, Antonio Oliveira Santos; Carlos Artexes,
diretor-geral do Sesc; José Carlos Cirilo, diretor-geral em exercício do Senac;
Geraldo Roque, chefe da Assessoria de Comunicação da CNC; Janaína Pochapski,
diretora de Saúde, Assistência e Lazer do Departamento Nacional do Sesc; e
Márcia Leitão, assessora de Comunicação do Senac.
O comércio e novo consumo
Na abertura do encontro, o
chefe da Divisão de Saúde e Recursos Humanos da CNC, Alexandre de Marca,
ressaltou a importância do evento para as três entidades do Sistema Comércio:
“É um marco histórico que integra nossas instituições e fortalece o Programa
Ecos. Temos obrigação de ser transformadores nas atividades do comércio, mas
também na difusão de novos hábitos de consumo no País”.
Carlos Artexes, diretor- geral
do Departamento Nacional do Sesc, ressaltou a importância da dimensão social do
chamado Triple Botton Line, o tripé da sustentabilidade (aspectos econômicos,
ambientais e sociais): “O trabalho social está na raiz da nossa missão. O
bem-estar não está só relacionado ao indivíduo, mas está também na centralidade
da questão social, na sustentabilidade da própria vida humana”.
Já o diretor-geral em
exercício do Departamento Nacional do Senac, José Carlos Cirilo, destacou que
as dimensões da sustentabilidade corporativa vão além da redução dos riscos
ambientais. “Ela atenta para as relações éticas entre os indivíduos, para os
múltiplos cuidados com o coletivo, com a sociedade e o amanhã”.
De acordo com Cirilo, o
Programa Ecos, que passa por reformulação, é apenas um aspecto do nosso compromisso
com o setor produtivo, que precisa estar em linha com os objetivos e os valores
institucionais. “A sustentabilidade corporativa é um norte para nossas
instituições”, concluiu Cirilo.
Boas ideias são contagiosas
“Os problemas ambientais estão
ligados às demandas sociais e podem gerar grandes impactos financeiros”,
afirmou Celso Lemme, da Coppead/UFRJ, na palestra Sustentabilidade Corporativa.
De acordo com Lemme, saem na frente as empresas que pensam nessa tríade como
uma oportunidade de negócio.
Celso Lemme citou o exemplo de
uma empresa que, ao modificar o layout de seus postos de serviços, gerou
descarte de resíduos e, em parceria com uma rede de artesãs, transformou o
material em brindes para seus clientes. “Além de capacitar e gerar renda, a empresa
reduziu sua pegada ambiental e fortaleceu a imagem corporativa”, avaliou. Ele
lembrou que o comércio é decisivo para impulsionar as cadeias de suprimentos e
de valor: “É a atividade econômica que interage diretamente com o consumidor
final e exerce pressão na mudança de padrões de consumo”.
Na sequência, Ricardo Rüther,
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), discorreu sobre o status das
tecnologias para geração das energias renováveis. Lembrou que a matriz
energética brasileira é dominada pelas hidrelétricas (63%) e que, apesar de o
clima do País ser favorável, a energia solar representa apenas 0,14%; e a
energia eólica ,7,2% da matriz energética nacional.
Segundo ele, o setor elétrico
pode se beneficiar ao abrir espaço a tecnologias de geração distribuída, como a
solar integrada a edificações urbanas e conectada à rede elétrica, gerando
energia no ponto de consumo. “Equilibrando a intermitência da energia solar ou
eólica com a rapidez de controle das usinas hidrelétricas, teremos estabilidade
da rede elétrica, ou seja, oferta energética a qualquer momento”, afirmou
Rüther.
Na parte da manhã, ocorreu a
palestra de Bárbara Dunim, representante da Rede Pacto Global, que fez um
relato sobre a construção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e
a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa agenda compreende 17
objetivos, 169 metas e 231 indicadores, em sua grande maioria, integrados entre
si. “Antes, a ONU desenvolveu os Objetivos do Milênio, que se caracterizam mais
como uma agenda de Estado. Já a Agenda 2030 é holística. Antes, o foco era na
erradicação da pobreza, hoje envolve uma escala global que inclui os países
ricos”, afirmou Dunim.
Após explicar cada ODS,
Bárbara realizou uma oficina com os participantes, cujo foco foi orientar sobre
a implementação dos objetivos em ambientes de negócios.
Logística reversa: um processo
em avanço
Outro ponto importante na
pauta do primeiro dia de evento foi o debate sobre Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) e a aplicação da logística reversa em diferentes
atividades do comércio. Cristiane de Souza Soares, da Assessoria de Gestão das
Representações da CNC, apresentou um panorama sobre o status dos acordos
setoriais que envolvem logística reversa pós-consumo, em especial dos segmentos
de medicamentos, lâmpadas, pneus, baterias automotivas, embalagens de
lubrificantes, de agrotóxicos, entre outros.
Após destacar detalhes de
sistemas de logística reversa com alta e baixa adesão no País, Cristiane
enumerou os desafios do Sistema Comércio para o sucesso desses programas
nacionais, enfatizando a importância de se estabelecer um relacionamento continuado
com as Secretarias de Meio Ambiente dos estados e das capitais, assim como as
micro e pequenas empresas.
Nas palestras seguintes,
Márcio Milan, superintendente da Associação Brasileira de Supermercados
(Abras), e Willian Gutierrez, gerente de Operações da Reciclus, programa
setorial voltado à coleta e destinação correta de lâmpadas, apresentaram
exemplos de logísticas reversas em curso no País. Milan falou sobre a campanha
Separe Não Pare, promovida pela Coalizão Embalagens, grupo formado por 23 associações
empresariais signatárias do Acordo Setorial de Embalagens em Geral. Lançada em
agosto de 2017, a campanha tem como objetivo informar, inspirar e mobilizar a
população brasileira a separar e descartar corretamente os resíduos domésticos.
Willian Gutierrez falou sobre
o descarte de lâmpadas e questões operacionais que têm dificultado a
implementação do programa em municípios brasileiros e conclamou aos
representantes das Federações do Comércio a buscar maior aproximação com o
programa, de forma a ampliar a adesão das lojas à implantação de PEVs (pontos
de entregas voluntárias).
Fecomércio RN
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