No documento, os advogados
contam que durante a audiência, realizada no dia 28 de novembro, por
videoconferência, um advogado de Eduardo Cunha informou o endereço em que
Joesley reside com sua família e pediu que ele confirmasse se ali morava. No
dia seguinte, narram os advogados, o empresário passou a receber ligações no
telefone fixo de sua casa em São Paulo e em Salvador.
Os telefonemas foram atendidos
pela empregada e o cozinheiro da família. Neles, o interlocutor, um homem, de
acordo com a defesa, em tom ameaçador, se apresentava como delegado da Polícia
Federal e amigo de Joesley e pedia que ele depositasse R$ 50 mil em uma conta
da Caixa Econômica Federal. Por fim, o autor das ligações dizia: “Diga que o
Eduardo está chegando em Brasília”.
“Na sequência das ligações,
surgiram diversas viaturas da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que
cercaram a casa e abordaram os seguranças e funcionários do requerente, pedindo
informações sobre os moradores, pois teriam recebido denúncia anônima de que
haveria naquela residência um roubo em andamento, com indivíduos armados que
mantinham os moradores como reféns”, narram os advogados.
A defesa explica que os fatos
se repetiram por três vezes: na sexta-feira, dia 30 de novembro, no sábado, dia
1º de dezembro, e no domingo, dia 2 de dezembro, o que, segundo os advogados,
“gerou grande estresse e temor em toda família” de Joesley.
“Os dizeres do interlocutor ao
telefone, em tese, denotam ameaça velada, pois apontam para detalhes sutis
(mensagens subliminares) que dão a entender tratar-se de questão ligada à Caixa
Econômica Federal (onde teve início a operação Sepsis) que originou ação penal
em que o requerente é testemunha de acusação, na condição de colaborador da
Justiça”.
A Operação Sépsis, citada pela
defesa de Joesley, investigação sobre desvios milionários do Fundo de
Investimentos do FGTS (FI-FGTS) da Caixa Econômica Federal, levou a Justiça
Federal do Distrito Federal a condenar Cunha, Henrique Alves e Funaro.
“Há que se apurar, em
procedimento investigatório, a autoria dos fatos delituosos, a fim de se adotar
as medidas cabíveis, seja para proteção do colaborador Joesley Mendonça Batista
e sua família, seja para propositura da competente ação penal em face do
autoria dos delitos acima relatados, possibilitando a efetiva propositura da
ação penal pelo ilustre representante do Ministério Público, em razão dos
delitos praticados e que tem por vítima o ora requerente”, pede a defesa.
A reportagem entrou em contato
com a defesa do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, mas não
obteve resposta.
Agência Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente