A Associação Brasileira da
Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee) afirma que a campanha movida pelo
governo do presidente Jair Bolsonaro contra a tomada de três pinos é um
retrocesso. Em nota, a entidade alerta para os riscos de segurança decorrentes
de uma eventual mudança na legislação que estabelece o terceiro pino (“fio
terra”) nas tomadas e plugues, em discussão pelo governo federal.
De acordo com a entidade, o
retorno à situação anterior representa um retrocesso na prevenção de acidentes.
Além disso, a mudança já foi assimilada pelo consumidor e uma alteração agora
traria ônus à população.
Para a Abinee, a atual
discussão é contraproducente. Isto porque o principal motivo para a implantação
do padrão brasileiro foi eliminar a possibilidade de choque elétrico com risco
de morte, o funcionamento inseguro com aquecimento e risco de incêndio, e as
perdas de energia devido a conexões inseguras.
A entidade afirma ainda que a
mudança trouxe efeitos positivos. Entre 2000 e 2010, antes da adoção do padrão,
a média anual de acidentes fatais provocados por choques elétricos era de 1,5
mil ocorrências. Hoje (números de 2018), a média é de 600 ocorrências anuais,
uma queda de 150%.
Com a construção de novos
edifícios com padrão brasileiro de plugues e tomadas, o número de acidentes
fatais tende a diminuir ainda mais.
Padrão adotado impede choque
elétrico
O terceiro pino nas tomadas e
nos plugues tem uma razão de ser, justificada tecnicamente, pela necessidade
que alguns aparelhos têm de conexões de aterramento (o chamado “fio terra”). É
o caso de refrigeradores, fogões, ferros de passar roupa, fornos de
micro-ondas, etc.
A obrigatoriedade deve-se à
exigência da Lei nº 11.337/2006, alterada pela Lei 12.119/2009, que determina
que todas as novas edificações devem possuir sistema de aterramento. Já os
aparelhos com dupla isolação, que não devem ter conexão de aterramento, são
conectados com plugue de dois pinos. Entre eles, estão barbeadores, secadores
de cabelo, carregadores para telefone celular, etc.
Além da questão do
aterramento, o próprio design da tomada evita o choque elétrico. No modelo
antigo de tomada, o choque poderia ocorrer em função do contato acidental com o
pino do plugue energizado. Igualmente, o formato da tomada impede que um pino
do plugue seja inserido e o outro pino energizado fique para fora, o que
ocasionaria ocasionando, também, o choque elétrico.
A entidade observa ainda que a
implementação do padrão é fruto de uma ampla discussão, que remonta à década de
1990 e teve sua última fase de implantação em 2011, após um cronograma de
implantação gradual. Além do aspecto da segurança, o que motivou a escolha foi
a melhor relação custo-benefício para o consumidor, que levou em conta que 80%
dos aparelhos elétricos à época eram atendidos pelo novo padrão.
O padrão brasileiro foi
desenvolvido no âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para
atender requisitos de segurança, a International Electrotechnical Commission
(IEC), entidade de normalização internacional do setor elétrico e eletrônico,
sugere um padrão internacional baseado na norma IEC 60083, semelhante ao
desenvolvido e adotado no Brasil.
Olhar Digital
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