Passados seis anos, oito meses
e três dias da noite de 2 de março de 2013; data do duplo homicídio que vitimou
os universitários José Costa Júnior, que tinha 21 anos, e Manoel Teixeira Neto,
de 20. Em Goianinha, para onde os jovens se dirigiam quando foram assassinados,
os quatro acusados pelas mortes foram condenados a penas que – juntas – chegam
a quase 140 anos de prisão.
A maior condenação foi para a
única do quarteto que está foragida. Maria Eduarda dos Santos Gomes, a Galega,
que no próximo dia 20 de dezembro completará 29 anos, terá que cumprir 36 anos
e nove meses de prisão quando for capturada. Ela chegou a se apresentar à
Polícia Civil um mês e 21 dias após a data do crime, mas ganhou direito à
prisão domiciliar por estar grávida. E nunca mais foi vista pelas autoridades.
Maria Eduarda, a Galega, está
foragida. Denuncie pelo 181 ou 190 | Cedida
|
José Carlos de Souza, ou Zé
Carlos, de 29 anos, foi condenado a 34 anos e um mês de reclusão. Se tivesse
que cumprir toda a pena na cadeia, Adriana Helena de Souza teria o dobro da
idade atual dela, que é de 32 anos, quando fosse posta em liberdade. Ele e ela
viviam um romance na época do crime e foram presos, em casa, na cidade
Canguaretama, depois de 17 dias das mortes dos jovens.
Antônio Pedro Silva de
Carvalho, o Tonho, foi o que demorou mais tempo para ser preso. Foi capturado
em 17 de junho de 2015, mais de dois anos depois do duplo homicídio. Ele tem 31
anos e nove meses de prisão para cumprir.
O julgamento
O júri popular, que foi
realizado na Câmara Municipal de Goianinha, começou na segunda-feira e acabou
no final da noite desta terça. O quarteto foi condenado por homicídio
triplamente qualificado – motivos torpe, fútil e por emboscada. Eles também
responderão por formação de organização criminosa e furto, já que pertences das
vítimas foram encontrados com eles quando foram presos.
O crime
Júnior e Neto, como os jovens
amigos eram conhecidos, eram da pequena Espírito Santo. Na noite de 2 de março
de 2013 eles estavam em um bar da cidade quando Maria Eduarda e Adriana Helena
chegaram e começaram a flertar os rapazes.
A investigação apontou que
elas foram enviadas a mando de Zé Carlos, que traficava drogas, e com quem
Júnior teria uma dívida. As mulheres conseguiram convencer os rapazes a irem
até Goianinha, cidade vizinha. Elas foram de moto. Os amigos foram de carro.
Às margens da RN-003, no
começo de uma estrada de terra conhecida como ‘Fava Seca’, os amigos foram
assassinados por disparos de arma de fogo em uma emboscada.
A motivação
No depoimento feito perante o
júri, Adriana Helena surpreendeu ao dizer que a morte não teria sido encomendada
nem motivada por dívidas relacionadas a drogas. Inocentando, Zé Carlos e Tonho,
ela disse que os rapazes foram mortos por tiros disparados por Maria Eduarda
depois de Júnior ter tentado agarrá-la a força no local onde elas teriam parado
para fazerem necessidades fisiológicas. De acordo com a ré, o encontro com os
rapazes no bar foi por acaso.
Apesar de a nova versão de
Adriana Helena não ter convencido a justiça, a real motivação para o duplo
homicídio não ficou esclarecida.
Vidas interrompidas
Neto era filho de Wober
Teixeira, vereador de Espírito Santo. Manoel Teixeira, avô dele, foi cinco
vezes prefeito do município. O rapaz cursava Matemática na Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN). Já Júnior era filho de um subtenente da Polícia
Militar e estudava Fisioterapia, serviu à Marinha do Brasil e deixou um filho.
Os dois eram muito amigos e tinham pontos em comuns. Como, por exemplo, o fato
das mães deles terem o mesmo nome. Ambas de chamam Marilene.
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