O desembargador Benedicto
Abicair, da 6ª Câmara Cível do Rio de Janeiro, acatou nesta quarta-feira o
pedido da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura e concedeu liminar
ordenando que a Netflix retire de seu catálogo a produção A Primeira Tentação de Cristo, do Porta dos Fundos, por julgar que “o direito à liberdade de
expressão, imprensa e artística não é absoluto”. Em sua decisão, o
desembargador também escreve que as “redes sociais são incontroláveis”, que a
Netflix pode ser acessada por todos, “inclusive menores” e que “o título da
‘produção artística’ não reflete a realidade do que foi reproduzido”.
Disponível desde o dia 3 de
dezembro, a obra recebeu críticas e causou polêmica porque a trama insinua que
Jesus teria uma relação homossexual. A associação religiosa iniciou um
abaixo-assinado (com mais de dois milhões de assinaturas) para pedir o veto à
obra, que havia sido negado na 1ª instância. O desembargador disse que sua
medida deve seguir valendo até que o mérito da questão seja julgado. Cabe
recurso à decisão de Abicair, que escreveu: "Por todo o exposto, se me
aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã,
mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o
mérito do agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo
liminar na forma requerida”. Até a publicação desta reportagem, a Netflix não
havia respondido se já recebeu a notificação da Justiça.
Na sátira humorística de 46
minutos, Jesus (Gregório Duvivier) volta do deserto para sua festa surpresa de
30 anos acompanhado de Orlando (Fábio Porchat), uma personagem extravagante que
deixa implícito, em quase todos os momentos, que ele e o filho de Deus estão
envolvidos romanticamente, chamando-o em um momento, inclusive, de
“capricorniano travesso”. Foi o suficiente para atiçar a ira de cristãos,
políticos e pastores, culminando no ataque à sede da produtora dos comediantes.
El País
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