Por G1
O dólar opera acima de R$ 4
nesta segunda-feira (4), em alta de mais de 2%, no primeiro dia de negócios do
ano de 2016. A moeda sobe forte porque o mercado busca ativos considerados mais
seguros – como o dólar – conforme crescem as preocupações com a economia da
China. Mais cedo, dados mostraram que a indústria do país asiático teve o 10º
mês seguido de queda em dezembro.
Por conta disso, o dólar opera
em alta na maioria dos mercados. No Brasil, no entanto, a variação é mais
acentuada por conta das tensões econômicas e políticas do país. Por aqui, os
economistas dos bancos projetaram uma inflação mais alta e uma queda mais
acentuada do PIB este ano, segundo dados divulgados no começo da manhã pelo
Banco Central.
Na última sessão de 2015, no
dia 30, o dólar avançou 1,83%, a R$ 3,948 na venda. No mês de dezembro, a moeda
norte-americana subiu 1,58% e no ano, avançou 48,49%.
Segundo a Reuters, foi o maior
avanço anual em 13 anos. Em 2002, o dólar subiu pouco mais de 50% em relação ao
real no ano por incertezas do mercado envolvendo a eleição do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Este também foi o quinto ano
consecutivo de avanço do dólar em relação ao real, com alta acumulada no
período de cerca de 137%, ainda de acordo com a Reuters.
Em 2014, a alta anual havia
sido de 12,78%. Já em 2013, a valorização anual foi de 15,3% - na ocasião a
maior desde 2008, quando subiu 31,9%.
O dólar começou 2015 abaixo
dos R$ 3. Passou esse patamar na cotação de fechamento pela primeira vez em
março, quando, no dia 5, terminou a sessão cotado a R$ 3,0115. Na ocasião, foi
a primeira vez que o dólar fechou acima de R$ 3 desde 2004.
Em setembro, fechou acima do
patamar de R$ 4 no dia 22, cotado a R$ 4,0538. Foi a primeira vez que o dólar
fechou acima de R$ 4 na história. Na sessão seguinte, fechou no maior valor da
história, a R$ 4,1461. Ao todo, a moeda fechou acima dos R$ 4 por seis vezes em
2015.
Interferência do BC no câmbio
Nesta manhã, o Banco Central
fará mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de fevereiro, que
equivalem a US$ 10,431 bilhões, com oferta de até 11,6 mil contratos. Se o BC
vender a oferta integral diária até o penúltimo dia útil do mês, como de praxe,
irá rolar perto de 100% do lote total.
Expectativas para 2016
Economistas ouvidos pelo G1
esperam que em 2016 o câmbio continue volátil, mas não apontam possibilidade de
o dólar voltar a patamares mais baixos.
"O câmbio vai continuar
extremamente volátil para cima e para baixo. Se a gente chegar a um equilíbrio
econômico, tende dar uma equilibrada num patamar um pouco abaixo do que estamos
hoje. Porém, quanto mais tempo demorar para isso acontecer, menor vai ser a
redução entre a taxa que estiver vigorando e a taxa que vai vigorar depois do
equilíbrio – ou seja, o dólar vai cair menos", explica o professor
Tharcisio Souza Santos, das Faculdades de Economia e de Administração da Faap.
Pedro Rossi, professor da
Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica, cita
ainda como fator que tende a deixar o câmbio volátil em 2016 o cenário
internacional, com o mercado de olho no ritmo do aperto monetário nos Estados
Unidos após a primeira subida da taxa de juros em quase uma década.
"A situação internacional
não se definiu, a política americana ainda não está claramente definida nos
seus objetivos", diz. "A incerteza com relação a esse movimento de
juros internacional provavelmente vai ditar uma volatilidade grande na taxa de
câmbio."
O professor Judas Tadeu Grassi
Mendes, da EBS Business School, afirma que "o dólar não subiu muito em
2015, e sim voltou ao equilíbrio". "O câmbio de 2015 apenas corrigiu
a inflação de 1994 até agora, a inflação dos Estados Unidos menos a do
Brasil."
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