Por O Globo
O tombo de 25% em vendas de
automóveis no Brasil em 2015 não afetou os planos da Nissan de crescer no país
e chegar ao posto de uma das três maiores montadoras da América Latina até o
ano que vem. O país será o primeiro a produzir o Kicks, novo modelo global da
Nissan. O utilitário esportivo apresentado em 2014 será fabricado na unidade da
montadora de Resende, no Sul Fluminense, anunciou Carlos Ghosn, CEO da
companhia, na tarde desta segunda-feira no Rio.
— O Nissan Kicks é um produto
global introduzido primeiro no Brasil. Será produzido em Resende e, depois,
exportado para a América Latina. Vamos gerar 600 novos empregos e investir R$
750 milhões nos próximos três anos.
E chegará ao mercado ainda
este ano. O país passa a funcionar também como plataforma de exportação da
montadora para América Latina -- disse Ghosn.
Este ainda será um ano difícil
para a indústria automobilística e a economia do país como um todo, avalia o
executivo. Ele reafirmou a confiança no potencial do mercado brasileiro, mas
considera estimativas oficiais da Anfavea para 2016 como "otimistas".
— A Anfavea já comunicou
previsão de queda de 5% nas vendas este ano. Eu, pessoalmente, acho um pouco
otimista. Se o mercado contrair isso, seria uma boa notícia. Acho que haverá
queda maior. Nos preparamos para um ano difícil, mas esperamos o melhor.
O anúncio do Kicks no Brasil
reforça os planos da Nissan de fazer do país uma plataforma de exportação para
a América Latina. Os modelos já produzidos na unidade de Resende — March e
Versa — serão comercializados no mercado latino-americano já a partir deste
ano. A previsão para o início das exportações do Kicks não foi divulgada.
A exportação começa em 2016,
pela necessidade de complementar a produção acima dos volumes já registrados em
México e Estados Unidos, explicou Ghosn:
— A Nissan não tem mais
capacidade (para ampliar a produção) nas fábricas de México e Estados Unidos.
Mas o mercado americano e latino-americano vão continuar a crescer. O único
lugar em que temos capacidade disponível é o Brasil.
O Kicks integra a categoria de
modelos crossover, única a registrar aumento de vendas no Brasil no ano passado
e segmento em que a Nissan é líder no mundo. Para ganhar em competitividade, a
montadora trabalha para ampliar a nacionalização de seus modelos fabricados no
Brasil.
— Quando o March foi lançado
em Resende, tinha 54% de conteúdo nacional. No fim de 2015, chegou a 68%. O
Kicks já começa em 74%. Isso é bom, mas ainda estamos abaixo do percentual de
outros concorrentes -- explicou François Dossa, presidente da Nissan do Brasil.
Em 2015, a Nissan ampliou sua
participação no mercado brasileiro de 2,1% para 2,5%. A fábrica de Resende,
inaugurada em abril de 2014 e que já conta com 1.500 funcionários, produziu 35
mil unidades, bem aquém da capacidade total, que é de 200 mil por ano.
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