
Há resistência entre as
principais lideranças da Casa à ideia de extinguir por completo o foro
privilegiado. “Não podemos fazer uma lei que, eventualmente, tire o direito ao
foro privilegiado dos deputados e senadores e prejudique 37,5 mil autoridades
do Judiciário”, afirmou o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC).
A opinião é compartilhada por
outros líderes da Casa, mas há também, por outro lado, a percepção de que o fim
do foro privilegiado tem apoio da opinião pública, o que dificultaria qualquer
movimento para engavetar o projeto. Desta forma, a solução seria costurar o
texto com emendas.
Os três maiores partidos do
Senado, PMDB, PSDB e PT, participaram diretamente das negociações para mudanças
no texto e devem votar favoravelmente aos dispositivos para manter aspectos do
foro privilegiado. Entretanto, essas bancadas decidiram adotar a estratégia de
não apresentar emendas que modifiquem o mérito do projeto para não expor os
senadores e evitar repercussão negativa. As alterações foram, inclusive,
sugeridas por senadores de partidos menores.
Modificações. Durante a
semana, quatro emendas foram apresentadas ao projeto. Os senadores ainda
poderão pedir modificações até amanhã. Uma delas, sugerida pelo senador
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), determina que processos contra políticos
serão julgados pela Justiça comum, mas quem decidirá aceitar ou rejeitar essas
denúncias serão os tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF)
e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na prática, a emenda cria um “filtro”
para processos contra políticos.
Outra emenda que fortalece o
poder do STF é a criação de varas especializadas para julgar autoridades.
Apesar de o dispositivo retirar os inquéritos de políticos do Supremo e enviar
para a primeira instância, o texto prevê que os titulares e suplentes das varas
especializadas serão escolhidos por ministros do STF.
Já o senador Airton Sandoval
(PMDB-SP) propôs uma emenda que prevê que, com o fim do foro privilegiado, o
processo penal contra agente público seja transferido para a justiça comum na
vara de domicílio ou residência do autor do crime, e não do local de sua
ocorrência. Assim, políticos seriam julgados sempre em seus Estados, onde
teoricamente possuem maior influência.
O senador Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB) sugeriu a única emenda, até o momento, que reforça o fim do foro
privilegiado. Ele sugere que a revisão constitucional para extinguir o foro
privilegiado seja feita no artigo 5º da Constituição, de forma a se tornar uma
cláusula pétrea – assim, não poderá ser modificada futuramente.
Estadão Conteúdo
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