Parece que a Inteligência
Artificial (IA) não tem mesmo limites. A proposta, desta vez, é tentar
adivinhar a data que ninguém quer saber: o dia de partida; isso, da nossa
morte. Um estudo foi realizado pelo Laboratório de Big Data e Análise Preditiva
em Saúde (Labdaps), parte da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo, com a finalidade de desenvolver um algoritmo capaz de prever os óbitos.
Os resultados foram apresentados pelo Estadão, e mostram que a máquina foi
capaz de acertar 70% de suas previsões.
A ideia com o estudo é que a
curiosidade sobre a morte seja respondida, principalmente para os médicos, que
podem tomar decisões mais adequadas e prolongar o tempo de vida de seus
pacientes prevendo doenças e indicando tratamentos mais adequados em
determinadas situações.
“Uma ferramenta dessas pode
ser usada por médicos e hospitais para iniciar tratamentos preventivos,
determinar prioridades de internações e realizar intervenções clínicas”, diz
Alexandre Chiavegatto Filho, diretor do Labdaps e responsável pelo estudo. “Ela
(Inteligência Artificial) oferece informação que às vezes os humanos não têm
para a tomada de decisões mais assertivas.”
Essa é a primeira vez que um
estudo desse tipo é realizado no Brasil. Seu sistema deve ser alimentado por um
grande banco de dados com informações do estudo Saúde, Bem-Estar e
Envelhecimento (Sabe), organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde – que,
desde o ano 2000, acompanha 2.808 idosos na cidade de São Paulo. Em um primeiro
momento, o algoritmo analisou 70% desse grupo e analisou as consequências mais
prováveis que poderiam causar a morte deles.
O sistema foi capaz de
concluir as razões mais prováveis e detectar padrões e relações que um humano
não seria capaz de elaborar. Das 118 mortes ocorridas, o sistema conseguiu
prever 83 delas.
Próximos passos
A maioria dos especialistas
consideraram bastante positivo o resultado dos testes iniciais. Isso, levando
em conta que o banco de informações do Brasil não é tão completo e possui uma
amostra com baixa abrangência. De agora em diante, o sistema será elaborado em
território inglês, com base em um banco de dados com informações de 500 mil
idosos.
É inevitável que com o tempo
essa tecnologia se aprimore e que seja ainda mais poderosa, podendo prever até
a causa da morte. “Quando tivermos bancos mais completos, composto por
prontuários eletrônicos disponibilizados no Serviço Único de Saúde (SUS), conseguiremos
ser muito mais específicos”, explica Chiavegatto. “Será possível identificar o
que poderá causar a morte e reverter isso”.
Alguns pontos contrários foram
apresentados, como por exemplo pelo Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), que defende que o uso da IA seja regulamentado pela
Autoridade de Proteção de Dados Pessoais antes de ser utilizado.
Estadão Conteúdo
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