VIVA SÃO JOÃO!
Fogueira clareia o terreiro,
labaredas para São João...
Explodem no céu artifícios,
bombinhas por todo chão!
Corre, com medo, Valente,
meu cãozinho de estimação...
O coitado batendo os dentes,
esconde-se atrás do pilão!
Cheiro de quentão pela casa ,
pipoca que vai estourando ...
Quadrilha que canta lá fora ,
para os noivos se casando !
Mãe me fazendo bigode,
de lápis de cera preta,
Costeleta esticada...
Chapéu de palha e careta!
Queria ser homem, o menino,
nem que fosse em São João...
De preferência o noivo da quadrilha,
fazia birra e pé no chão!
Imagina ver Elenice,
minha musa e donzela,
nos braços de outro alguém?
Sonhei o ano todo com ela!
O frio era de julho,
quando chegava a geada...
Dizia avó ao menino,
são lágrimas cristalizadas!
Da Lua?
Da noite?
De São João?
Cobria todo chão a molecada!
Batata assando na brasa,
amendoim , paçoquinha...
Quitutes da semana inteira,
deixando cheirosa a cozinha!
Sanfoneiro, o tal compadre,
gordo, quase dormia...
Tocando as modinhas juninas
que a gente mal ouvia!
Papo ao redor da fogueira,
histórias de assombração...
Parece que foram de ceras,
as noites de São João!
Derreteram-se no passado,
com os primos que partiram?
Ou não sei, por lá ficaram e
de mim sumiram?
Meus amigos...
Elenice?
O lápis de cera preto...
A quadrilha ainda toca?
Do sanfoneiro não esqueço!
A avó,
a mãe,
os vizinhos...
Valente, meu cachorrinho!
Cá dentro, talvez...
ainda queime a fogueira,
na lenha que boto fogo,
vem saudade e incendeia...
Começa tudo de novo!