Com crise financeira batendo
nos calcanhares, a técnica em enfermagem Zelânia Medeiros, de 29 anos, precisou
modificar os hábitos de consumo nos últimos tempos. O aperto pôs fim às viagens
da família para as praias do litoral sul do Rio Grande do Norte.
As dificuldades financeiras da
natalense fazem parte do panorama que aflige boa parte dos brasileiros. Dados
de um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), publicado em maio, mostram
que o quadro da crise financeira dos últimos anos fez com que 79% dos
brasileiros cortassem despesas e encontrassem meios de fazer o dinheiro render
mais.
Para Zelânia Medeiros, que
agora vende lanches para complementar a renda em uma banca montada na avenida
Rio Branco, na Cidade Alta, na zona Leste Natal, a situação ficou ainda pior
após a sogra ficar doente. “Nos finais de semana, eu ia para Pium com minha
família ou ia para o interior. Minha sogra mora em São José de Mipibu, mas até
para ir lá é complicado. Tudo é orçamento. Tivemos que cortar principalmente os
gastos com passeios. Isso também porque minha sogra adoeceu, e tem os custos
com os remédios”, disse.
A pesquisa do CNDL mostra que
59% das pessoas adotaram o método de pesquisa de preço antes de adquirir algum
produto. Este percentual é até maior nas classes A e B: 68%.
Além disso, 56% dos
brasileiros passaram a reduzir os gastos com lazer e outros 55% apertaram o
controle de despesas com consumo de luz, água e telefone.
O designer gráfico
Andrieberton Freitas, de 35 anos, fala que deixou de comprar os equipamentos
que precisa para o trabalho, pois os aparelhos estão muito caros. “Com a
questão da inflação do dólar, que subiu, não compro muitas coisas de tecnologia
porque tudo aumentou o preço. Equipamentos que eu preciso para a minha
profissão, como computadores e acessórios tecnológicos, são ainda mais caros”,
conta o designer.
O sentimento do designer
também está refletido na pesquisa. As mudanças no padrão de vida para driblar
os momentos de dificuldades acabaram causando impactos emocionais nos
brasileiros, que viram seu poder de compra ser afetado. Para 32% dos
entrevistados, a vontade de ter algo e não poder tem provocado uma sensação de
impotência. Já 26% mostram-se constrangidos por não conseguir dar à família o
que deseja, e 25% demonstram frustração por deixar de comprar certos produtos
que gostam por falta de dinheiro.
A doméstica Rosângela Rosa, de
45 anos, conta à reportagem que deixou de ir à praia com o filho por conta dos
gastos com as passagens de ônibus. “No momento, só consigo pagar casa,
alimentação e internet. Eu sempre ia para a praia com meu filho. Agora, faz uns
cinco meses que a gente não vai. A gente mora em Extremoz e a passagem de
ônibus lá é muito cara”, desabafa a doméstica.
Ainda segundo o levantamento
da levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, o total de inadimplentes no Brasil – os que
possuem dívidas ou contas em atraso – soma 25% da população.
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