O Prêmio Sesc de Literatura
revela dois novos escritores: Felipe Holloway e João Gabriel Paulsen são os
ganhadores da edição 2019, nas categorias Romance e Conto, com os livros “O
legado de nossa miséria” e “O doce e o amargo”, respectivamente. Essa edição
teve recorde de inscritos, com 1.969 trabalhos, sendo 926 livros de contos e
1.043 romances. A avaliação final ficou por conta de duas comissões formadas
pelos escritores e críticos literários Ana Miranda, Tércia Montenegro, Verônica
Stigger e Júlian Fúks.
A premiação completa 16 anos
de criação este ano e tem como objetivo identificar escritores estreantes,
cujas obras possuam qualidade literária para edição e circulação em todo o
país. Além do reconhecimento nacional, os vencedores têm suas obras publicadas
e distribuídas pela editora Record, com tiragem inicial de 2 mil exemplares.
“O Prêmio Sesc de Literatura
oferece uma oportunidade a novos escritores e cumpre um importante papel na
área cultural, contribuindo para uma renovação no panorama literário
brasileiro”, destaca Henrique Rodrigues, analista de Cultura do Departamento
Nacional do Sesc. “Um balanço das 16 edições aponta que superamos a marca de 13
mil livros inscritos e revelamos 29 novos autores de todas as regiões do país”,
reforça.
O romance vencedor veio do
estado do Mato Grosso. “O legado de nossa miséria” conta a história de um
crítico de literatura e professor universitário que é convidado para um evento
sobre Jornalismo Literário numa fictícia cidade do interior de Minas Gerais. Lá
ele conhece um famoso escritor cuja obra sempre admirou. No evento, os
personagens rememoram suas respectivas carreiras, nas quais os fracassos éticos
e estéticos se alternam. Numa estrutura narrativa que aos poucos adquire o
caráter de thriller, o romance reflete sobre os limites do uso da obra de arte
como fator de redenção para vidas deploráveis.
“Ser contemplado com esse prêmio
é maravilhoso e funciona como um aval de que podemos e devemos seguir
escrevendo”, conta Felipe Holloway, de 30 anos. Ele vê a premiação como uma
virada completa na vida pessoal e profissional. “Primeiro porque a insegurança
que sempre nutri em relação à qualidade e à legitimidade de meus próprios
escritos ganha um contraponto significativo. Ainda mais quando a vitória é num
prêmio de prestígio e concorrido como o Prêmio Sesc , que abre uma excelente
possibilidade no âmbito literário. Por fim, sei o quanto histórias como a minha
podem influenciar novos autores a persistir em suas jornadas”, declara.
Ganhador da categoria Conto,
com “O doce e o amargo”, o mineiro João Gabriel Paulsen tem 19 anos de idade, é
estudante de Filosofia e skatista nas horas vagas. Seu livro é uma coletânea
composta por nove contos que tratam das tensões geracionais e os conflitos
ocasionados pelos ritos de passagem. Entre crianças que vão ao enterro da mãe,
a busca do amor fugidio como saída para o vazio existencial e um rapaz preso
numa cela com um demônio, o livro oscila entre o onírico e o real como
plataformas de uma prosa densa e ao mesmo tempo fluente.
“A sensação é indescritível.
Receber uma confirmação dessas – de que você produz literatura de qualidade – é
fenomenal”, comemora João Gabriel. “Sempre tive muita afinidade com as
palavras, o que me levou ao amor pela literatura. A vitória abre uma série de
possibilidades no campo da produção literária, é uma indicação do que posso
vislumbrar a partir de agora para o meu futuro”, declara.
Breve currículo dos vencedores
Felipe Holloway nasceu em
Canindé, no Ceará, e mora desde criança em Cuiabá (MT). O autor de 30 anos é
professor de Língua Portuguesa da rede estadual, formado em Letras pela
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e mestrando em Estudos Literários
pela mesma instituição. Começou a escrever aos 17 anos, quando se dedicava mais
aos contos e tempos depois passou a escrever narrativas mais longas.
João Gabriel Paulsen tem 19
anos, nasceu em Juiz de Fora (MG), onde mora. É estudante de filosofia na
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e escreve desde os 15 anos, tendo
iniciado pela poesia e depois avançado na prosa. Segundo o autor, tudo que
aprendeu veio do seu hábito de ler bastante.
Sobre o Prêmio Sesc
Criado em 2003, o Prêmio
inclui os autores em programações literárias do Sesc e também abre as portas do
mercado editorial aos estreantes. O processo de curadoria e seleção das obras é
criterioso e democrático. Os livros são inscritos pela internet, gratuitamente,
protegidos pelo anonimato. Quem avalia os livros não sabe quem os escreveu.
Nos últimos anos os vencedores
do Prêmio Sesc também se destacaram em outras importantes premiações
literárias: Franklin Carvalho, ganhador com o Romance “Céus e Terra”, em 2016,
e vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2017; a paulista Sheyla Smanioto
Macedo, vencedora da edição 2015, com o Romance “Desesterro”, conquistou o
Prêmio Machado de Assis 2016; Marcos Peres, com “O Evangelho Segundo Hitler”,
vencedor dos prêmios Sesc de Literatura 2013 e São Paulo de Literatura 2014
(categoria Estreantes); Debora Ferraz, autora do livro “Enquanto Deus não está
olhando”, vencedora dos prêmios Sesc 2014 e São Paulo de Literatura 2015.
Mais detalhes sobre o Prêmio
Sesc de Literatura em www.sesc.com.br/premiosesc.
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