Dinkinesh, um pequeno asteroide que a missão Lucy, da Nasa, visitou na semana passada, continua surpreendendo.
Lucy passou pela rocha
espacial, localizada no principal cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter,
em 1º de novembro, como parte de um teste do equipamento da espaçonave antes
de abordar o objetivo principal da missão: pesquisar os enxames de asteroides
troianos ao redor de Júpiter. O sobrevoo de Dinkinesh, que significa
“maravilhoso” na língua amárica da Etiópia, só foi adicionado ao itinerário de
Lucy em janeiro.
Mas as primeiras imagens captadas pelos instrumentos de Lucy mostraram que havia mais no asteroide sombrio do que o esperado. A princípio, as imagens sugeriram que a rocha espacial fazia parte de um par binário, com um asteroide menor orbitando Dinkinesh.
No entanto, imagens adicionais
obtidas pela sonda logo após a maior aproximação do sobrevoo revelaram agora
que o asteroide menor é na verdade um binário de contato – duas rochas
espaciais menores que se tocam.
Lucy chegou a cerca de 425
quilômetros da superfície do asteroide durante a sua maior aproximação, que foi
quando as primeiras imagens foram tiradas. O segundo lote de imagens que
revelam o binário de contato, compartilhado pela Nasa na terça-feira (7), foi
obtido seis minutos depois, a cerca de 1.630 quilômetros de distância.
“Os binários de contato
parecem ser bastante comuns no sistema solar”, disse John Spencer, cientista
adjunto do projeto Lucy no Southwest Research Institute, em nota.
“Não vimos muitos de perto e
nunca vimos nenhum orbitando outro asteroide. Estávamos intrigados com
variações estranhas no brilho de Dinkinesh que vimos ao nos aproximar, o que
nos deu uma dica de que Dinkinesh poderia ter algum tipo de lua, mas nunca suspeitamos
de algo tão bizarro!”.
A aproximação foi projetada
principalmente para ajudar a espaçonave Lucy a testar seu sistema de
rastreamento terminal, que permite à espaçonave localizar a rocha espacial de
forma autônoma e mantê-la à vista enquanto voa a 4,5 quilômetros por segundo. O
sistema superou as expectativas, o que permitiu aos astrônomos fazer a
descoberta da inesperada rocha companheira de Dinkinesh.
“É no mínimo intrigante”,
disse Hal Levison, pesquisador principal do Lucy no Southwest Research
Institute, em nota. “Eu nunca teria esperado um sistema assim. Em particular,
não entendo porque é que os dois componentes do satélite têm tamanhos semelhantes.
Isso vai ser divertido para a comunidade científica descobrir”.
Os dados do sobrevoo ainda
estão sendo transmitidos da espaçonave para a equipe da missão.
“É realmente maravilhoso
quando a natureza nos surpreende com um novo quebra-cabeça”, disse Tom Statler,
cientista do programa Lucy da Nasa. “Grande ciência nos leva a fazer perguntas
que nunca sabíamos que precisávamos fazer”.
O próximo encontro de Lucy
será com outro asteroide do cinturão principal chamado Donaldjohanson em 2025.
E então, a espaçonave partirá para ver os troianos, ou trojans.
Os asteroides troianos, cujo
nome vem da mitologia grega, orbitam o sol em dois enxames – um que está à
frente de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, e um segundo que
fica atrás dele. Muito distantes para serem vistos em detalhes com telescópios,
os asteroides ficarão mais próximos quando Lucy chegar aos troianos em 2027.
A missão empresta o nome do
fóssil Lucy, os restos mortais de um antigo ancestral humano descoberto na
Etiópia em 1974. O esqueleto ajudou os pesquisadores a reunir aspectos da
evolução humana, e os membros da equipe Lucy da Nasa esperam que sua missão alcance
um feito semelhante em relação a história do nosso sistema solar.
Os asteroides são como
fósseis, representando o material que sobrou após a formação de planetas
gigantes em nosso sistema solar, incluindo Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
CNN
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