Diante do alerta para a
possibilidade de adoecimento por dengue, o município de Natal iniciou nesta
segunda-feira (19) a campanha de vacinação contra a doença. Conforme o atlas
divulgado no final de janeiro pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 25 dos
36 bairros de Natal possuem risco alto ou muito alto de contaminação por
dengue, zika e chikungunya.
No último dia 16 de fevereiro (sexta-feira) foram recebidas 18.806 doses pelo
Ministério da Saúde, do primeiro lote da vacina Qdenga (TAK-003), desenvolvido
pelo laboratório chines Takeda Pharma. A campanha foi dividida em oito unidades
nos cinco distritos de Natal, levando em consideração critérios como densidade
vetorial, número de casos prováveis detectados por área, com base no atlas
divulgado pela SMS, como também do componente socioeconômico da localidade.
Nos dias 19, 20 e 21 de fevereiro, serão atendidas crianças com idades entre 10 e 11 anos nas oito unidades básicas de saúde de referência para receber a imunização. A partir de quinta-feira (22), a vacinação acontece entre 12 e 14 anos.
Os distritos Norte I, II e
Oeste contam com duas unidades recebendo a campanha. São elas: Pajuçara e
Nordelândia (Norte I); Bela Vista e Jardim Progresso (Norte II); Felipe Camarão
II e Dix Sept-Rosado (Oeste). No Leste e Sul contam com apenas uma, Brasília
Teimosa e Ronaldo Machado, respectivamente.
Andrew Guilherme foi um dos
primeiros a comparecer na UBS de Brasília Teimosa, no distrito Leste. Rosenete
Leandro, avô do jovem, ressaltou a importância da campanha contra a dengue, não
somente com a vacina, mas também com os cuidados em casa e pela vizinhança. “Em
casa, somos muito organizados, não temos nada de água exposto, temos que cuidar
da gente, dos amigos e dos vizinhos. Por isso, eu já venho iniciar essa
vacina”, disse Rosenete.
“A gente conversa muito, não
sei se estão trabalhando direito, às vezes uma pessoa fala uma coisa e não faz.
Como eu já disse, se não fizer não vai prejudicar somente a mim, mas a eles
mesmos. Por que se eu faço, e não fizerem, como fica? Eu digo: gente, vamos
cuidar que essa doença é séria e a gente pode se prejudicar”, concluiu.
Ana Patrício, mãe de Laura
Ruffino, fez questão de levar a filha à unidade de saúde para atualizar o
cartão de vacina em dia. “Sempre tivemos esse cuidado, porque, inclusive, onde
eu moro já teve foco de dengue. Eu e meu esposo já tivemos”, revelou.
“Devemos ter muito cuidado,
ela (Laura) já sabe e sempre foi orientada sobre a importância de tomar a
vacina, de ter a caderneta de vacinação toda atualizada. Assim que abriu a
campanha, vinhemos logo nas primeiras horas para deixar resolvido”, disse Ana.
Em contato com a reportagem da
Tribuna do Norte, a direção da UBS de Brasília Teimosa informou que até as
9h40, sete crianças na faixa de idade entre 10 e 11 anos haviam sido vacinadas.
De acordo com números
divulgados pela SMS, os dados preliminares da sétima semana epidemiológica
mostram que em 2024, Natal contabiliza 493 casos prováveis de arboviroses, com
aumento de 78,62%, em relação ao período do ano passado, quando foram registradas
276 ocorrências.
Para organizar o planejamento,
o atlas da cidade dividiu cada bairro em ‘zonas’, que correspondem a áreas
constituídas por 800 a mil imóveis, que recebem as classificações de acordo com
a metodologia do levantamento. Os bairros de Igapó, Cidade da Esperança, Nossa
Senhora de Nazaré, Dix-Sept Rosado, Bom Pastor, Mãe Luíza e outros, são
classificados como de risco médio, alto e muito alto. Grande parte das “zonas”
tem alto nível de vulnerabilidade.
Diante deste cenário,
Emykarlla Bessa, chefe da epidemiologia do Distrito Leste, revelou à Tribuna do
Norte que as unidade de Brasília Teimosa e São João, no Distrito Sul, estão se
preparando para um possível contexto de epidemia, com a organização de salas e
materiais para acolher as pessoas diagnosticadas com a dengue.
“Essa unidade de Brasília
Teimosa e a de São João (distrito Sul) estão no processo de organização de
salas de hidratação, se preparando para uma possível epidemia. Muitos casos
estão aparecendo, que estão sendo notificados, por enquanto nas UPAs, mas em nossa
unidade e a de São João, já está nessa fase de organização das salas, com
material chegando, para o acolhimento dos pacientes”, revelou a chefe do
distrito.
Documentos
O público-alvo da vacinação, conforme o calendário de imunização, deve
apresentar nas unidades de saúde o documento de identificação pessoal, cartão
de vacinação, os menores de idade devem estar acompanhados por um responsável
maior de idade e apresentar comprovante de residência de Natal em nome dos
pais.
Gestantes, lactantes, menores
de 4 anos, maiores de 60 anos e imunossuprimidos não devem tomar a vacina. O
horário de funcionamento para vacinação nas UBSs inicia às 8h e se estende até
as 16h. Sobre a previsão para a chegada de mais um lote da vacina às unidades,
não há informação quanto a esta data.
Venda de repelentes em Natal
se mantém estável
O aumento dos casos de dengue já provoca uma alta procura por repelentes em algumas regiões do Brasil. De acordo com um levantamento feito pela CNN Brasil, em algumas redes de farmácia a busca pelo produto cresceu mais de 200%. Em diversios estabelecimentos do Distrito Federal, o repelente praticamente sumiu das prateleiras, segundo o portal de notícias UOL. Já em Natal, pelo menos por enquanto, o cenário parece ser bem diferente. Das sete farmácias ouvidas pela reportagem, apenas uma registrou aumento de vendas, de 70%.
Nas demais, não houve alterações de demanda. “Para se ter uma ideia, somente hoje vendi o primeiro repelente deste mês de fevereiro”, afirmou o funcionário de uma farmácia no bairro de Nossa Senhora de Nazaré, na zona Oeste da capital. Ele pediu para não ser identificado. O repelente é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como eficaz para evitar picadas do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue e outras doenças. A capital potiguar, conforme alerta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS Natal), pode viver uma epidemia de dengue até abril.
Ainda assim, grande parte dos natalenses parece mais relaxada em relação à proteção por meio do uso do produto. Ainda assim, há quem já esteja procurando se precaver. Tanto é que, em uma farmácia em Petrópolis, na zona Leste da cidade, a venda de repelentes cresceu 70% de dezembro para cá. O estabelecimento foi o único consultado a indicar aumento. Funcionários informaram que os preços variam de R$ 15 a R$ 70.
Os repelentes corporais são os mais procurados. Com a busca maior, a gerência
do local garantiu que os estoques estão bem abastecidos e disse que a farmácia
está preparada para suprir um aumento ainda mais expressivo da demanda. “O
estoque está em dia. Estamos conseguindo repor o produto sem problemas, apesar
da alta nas vendas”, disse a gerência da farmácia, que integra a rede onde
houve uma elevação de 70% de procura entre fevereiro e janeiro deste ano e de
90% na comparação do mês atual com o mesmo período do ano passado.
Tribuna do Norte
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