Já se tornou rotina andar
pelas cidades e se deparar com fios caídos ou pendurados na rede de energia e
de telecomunicações. São fruto da ação de bandidos que os retiram ilegalmente
para vender, comprometendo os serviços de energia, telefonia e internet para a
população, comércio e indústria. Somente em 2024, a Neoenergia Cosern registrou
um aumento de 42,3% nos casos. Cerca de 360 mil pessoas ficaram sem energia por
conta dos furtos em 2024. Se até o dia 14 de fevereiro deste ano foram 185
faltas de energia provocadas por furtos de cabos e de outros equipamentos da
rede elétrica em todo o estado, no mesmo período de 2023, foram registradas 130
ocorrências.
Os dados são apurados pelo Centro de Operações Integradas (COI) da companhia e
apontam que os bandidos interromperam o fornecimento de energia para 26.276
unidades consumidoras no mesmo recorte do ano passado. Já em 2024, deixaram sem
energia 72.166 unidades consumidoras, incluindo residências, hospitais,
escolas, delegacias, abastecimento de água, provedores de internet e outros
serviços essenciais para a população. Na madrugada da última terça, às 01h51,
um novo furto foi registado em Grossos, na região da Costa Branca. Criminosos
furtaram 550 metros de cabos e, por isso, cerca de 500 residências ficaram sem
energia. A ligação foi restabelecida às 05h50.
Uma ação de grandes consequências foi registrada no início do mês. “A última ação de grande impacto foi registrada no dia 8 de fevereiro, quando criminosos quebraram 1 poste da rede de alta tensão (69.000 volts) localizada entre Guamaré e Macau, interrompendo o fornecimento para uma empresa geradora de energia eólica. Eles também furtaram 11 vãos de cabos da rede de média tensão (1,5 quilômetros)”, informou a Cosern.
Neste caso, foram afetados
moradores em Areia Branca, além de outros trechos de cabos em Caiçara do Norte
e São Bento do Norte. No total, cerca de 50 mil consumidores tiveram o
fornecimento de energia elétrica suspenso nos quatro municípios. A referida linha
tem 25 quilômetros de extensão e é uma das mais afetadas pelos atos criminosos.
Na véspera de Natal, em 24 de
dezembro, essa mesma linha entre Guamaré e Macau, na Costa Branca, foi alvo dos
criminosos. Eles quebraram 11 postes na ocasião. “Em decorrência da prática
criminosa, quase 40 mil consumidores tiveram o fornecimento de energia elétrica
interrompido, incluindo uma empresa geradora de energia eólica”, comunicou a
Neoenergia Cosern.Assim que toma conhecimento de um novo furto, a empresa
desloca equipes ao local e dá início ao trabalho de reposição dos equipamentos.
Na região da Costa Branca,
pelas características do local (mangue, dunas, braços de rios), o trabalho de
recomposição da rede exige um planejamento especial e reforço na segurança dos
colaboradores. Em paralelo, a distribuidora abre um boletim de ocorrência na
delegacia responsável pela região afetada e compartilha as informações com a
Secretaria de Segurança Pública.
Ao longo de todo o ano de
2023, o crime provocou 889 faltas de energia e deixou 204.546 mil unidades
consumidoras sem o fornecimento, por cerca de cinco horas, em média. “Em linha
reta, os cabos de energia elétrica da Neoenergia Cosern furtados em todo o
estado em 2023 somaram 35 quilômetros – distância equivalente ao trajeto entre
Natal e Ceará-Mirim, por exemplo”, diz a companhia.
Considerando que cada unidade
consumidora tenha, em média, cinco habitantes, o problema deve ter afetado
cerca de 800 mil potiguares no ano passado.
O furto de equipamentos, especialmente de fios de cobre é um problema que cresce a cada ano em todo o país porque os bandidos utilizam esse metal para vender no mercado clandestino devido o seu alto valor, que pode chegar a R$ 38 o quilo. A título de comparação, o quilo do alumínio fica em torno de R$ 8. O cobre é é um dos metais mais utilizados no setor elétrico, mas também é matéria-prima para a indústria de transformação.
Em 2024, o crime de furto de cabos já prejudicou cerca de 360 mil potiguares em todo o estado, segundo informou a Neoenergia Cosern.
Somente no período de Carnaval (entre 10 e 14 de fevereiro), foram registradas
nove ocorrências provocadas por furtos em Natal, nos bairros de Ponta Negra
(5), Planalto (2), Tirol (1) e Dix Sept Rosado (1), além de casos nos
municípios de Extremoz, Goianinha e São Gonçalo do Amarante, com uma ocorrência
em cada.
No final do ano passado, as
lagoas de captação e as estações elevatórias, administradas pela Secretaria de
Infraestrutura de Natal, foram alvos de ataques e roubos de quadros eletrônicos
e sistemas operacionais.
“Infelizmente passamos por esses problemas com certa frequência e eles acabam
prejudicando o trabalho nas lagoas e estações elevatórias. Nos últimos meses,
18 estações elevatórias sofrerem com esses furtos”, explicou o secretário
Carlson Gomes, titular da Seinfra.
Nos locais, os bandidos
roubaram cabos elétricos, quadros de comandos, peças do sistema de bombeamento
e outros objetos no interior das casas de bomba. De acordo com a Seinfra,
somente em 2023 ocorreram mais de 20 furtos nas lagoas de captação. As mais afetadas
foram as lagoas de São Conrado com 4 ocorrências, Cidade da Esperança com 3
ocorrências, Pirangi com 3 ocorrências, Alagamar com duas ocorrências, Lagoa do
Makro com 4 ocorrências, e Nova Cidade com 2 ocorrências..
Além de causarem dano ao
patrimônio público esse crime também pode resultar no colapso das bombas,
contribuindo com os alagamentos, provocadas pela falta desses equipamentos.
“Até consertar o sistema de bombeamento, muitas vezes, cocorre o transbordamento
das lagoas”, finalizou o secretário Carlson Gomes.
Os furtos de cabos da rede
elétrica provocam transtornos sérios ao dia a dia dos potiguares nas
residências, hospitais, escolas, delegacias, no abastecimento de água,
provedores de internet e outros serviços essenciais em todo o estado, como no
caso do SAMU.
“De forma mais específica, a ação criminosa prejudica a economia de setores importantes tais como as salinas, fruticultura irrigada e parques eólicos, principalmente na região da Costa Branca potiguar, que ficam com suas atividades paralisada”, pontua a distribuidora de energia. A companhia reforça que a população pode denunciar, de forma anônima e segura, à Polícia Militar.
No Rio Grande do Norte a Lei 10.159/2017 já dispõe sobre cadastro de compra, venda ou troca de cabo de cobre, alumínio, baterias e transformadores para reciclagem no Estado, prevendo penalidades para o estabelecimento que não cumprir. Contudo, ainda precisa ser regulamentada. Neste sentido, um grupo de Trabalho está sendo criado para analisar as diretrizes propostas pela legislação.
Nesta semana, a governadora Fátima Bezerra se reuniu com a diretora-presidente da Neoenergia Cosern, Fabiana Lopes, para discutir o assunto e disse que a lei é considerada essencial para conter o comércio ilegal de materiais elétricos adquiridos de maneira ilícita, como furtos e roubos, especialmente os de cobre, alvo das sucessivas ações dos bandidos.
Segundo o Governo, os próximos passos são definir os membros do grupo e estabelecer um cronograma de ações.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Francisco
Araújo, a iniciativa visa mitigar os impactos negativos que os furtos de cabos
metálicos causam para a sociedade, o comércio e a indústria.
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente