![]() |
Segundo o levantamento, o estado foi responsável por 36,01% dos cortes de geração entre todas as unidades da federação.
O corte de energia, fenômeno conhecido como curtailment, ocorre quando usinas eólicas e solares são obrigadas a reduzir ou interromper a geração de energia devido à falta de capacidade de escoamento na rede de transmissão.
Segundo o presidente do CERNE, Darlan Santos, o prejuízo acumulado pelo setor renovável brasileiro já ultrapassa R$ 5 bilhões.
No acumulado de 2025, segundo o levantamento, o RN ocupa a segunda posição nacional no desperdício dessa energia, atrás apenas da Bahia. Ao todo, 70% das perdas estão concentradas no Nordeste.
Os três primeiros do ranking de cortes de energia renovável são:
- Bahia (35,14%);
- Rio Grande do Norte (25,43%);
- Minas Gerais (15,63%).
➡️ Outros estados nordestinos também aparecem entre os mais afetados: Piauí (9,42%), Ceará (7,58%), Pernambuco (3,03%), Paraíba (1,79%) e Maranhão (0,62%).
Falta de estrutura atrapalha, dizem especialistas
Para o presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia, Darlan Santos, as perdas acumuladas nos últimos anos representam um obstáculo significativo à expansão das fontes renováveis no Brasil.
“No caso do Nordeste, onde estão os principais polos eólicos e solares do país, a falta de infraestrutura adequada limita a geração e afeta toda a cadeia produtiva, do fabricante ao investidor”, disse.
Segundo Santos, os impactos do corte vão além da geração elétrica e afetam também a indústria e o emprego.
“Por causa dos cortes, não se compram novos aerogeradores, o que afeta diretamente as fábricas desses equipamentos, nem se contratam financiamentos para novos projetos. No ano passado, uma das maiores fabricantes de aerogeradores do Ceará precisou demitir mais da metade do quadro de funcionários”, disse.
Jean Paul Prates, que ocupa o cargo de chairman do CERNE, acredita que país vive um paradoxo: amplia a capacidade de geração limpa, mas continua enfrentando cortes por falta de infraestrutura.
“O Brasil já está desperdiçando, em determinados momentos, o equivalente à produção de uma grande usina termelétrica apenas por falta de modernização no sistema de transmissão. Isso representa um prejuízo econômico, ambiental e reputacional para o país”, afirmou.
“É um contrassenso celebrar a expansão das fontes renováveis e, ao mesmo tempo, obrigar parques eólicos e solares a desligarem suas turbinas por falta de transmissão. Essa contradição compromete a narrativa do Brasil como potência renovável”, completou.
Leilão de transmissão
Em outubro de 2025, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realiza um leilão de transmissão, com expectativa de R$ 5,5 bilhões em investimentos.
O certame prevê obras voltadas ao reforço da malha elétrica em estados estratégicos, especialmente no Nordeste, região que lidera a geração de energia limpa no país.
“A expansão da rede de transmissão é um passo fundamental para garantir o aproveitamento total da energia renovável já instalada. O Brasil precisa planejar o setor elétrico de forma integrada, unindo inovação tecnológica, regulação moderna e atração de investimentos. Só assim consolidaremos nossa posição como líder mundial em energia limpa”, disse Jean Paul Prates.
G1RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente