- Fiz uma grande besteira... Sussurrava desesperadamente o policial repetindo esta frase por várias vezes ao vento. O corpo de um jovem estendido sobre asfalto. Curiosos em torno daquele corpo! Um pai chorando copiosamente abraçado com o corpo inerte apertando intensamente contra o seu próprio peito. Era seu filho de 14 anos.
A comoção tomou conta do coração da multidão de espectadores que silenciosamente, com os olhos fitos na cena, compadeciam-se da profunda dor daquele pai – E o policial? Era um jovem iniciante de 22 anos, que desesperado saiu do local, desorientado por ser o autor do fatídico disparo que dizimou a vida daquele jovem. Ele confundira as duas pessoas em uma moto com dois criminosos. Mas infelizmente, naquela moto, estavam um pai e seu filho que voltavam pra casa.
Imagino que na cabeça daquele jovem policial ele já previa que aquela fatalidade o prejudicaria pro resto da vida. Neste momento a alma daquele jovem lamentava profundamente de ter tomado a decisão de apertar o gatilho do seu revólver de calibre 38.
Eu que assisti na TV e li em jornais sobre esse caso, fiquei um tanto chocado, mas refletindo sobre quantas vezes nós também temos sido precipitados e decididos no apertar do gatilho, em vezes de avaliarmos melhor a situação e tomar outra decisão. É triste a situação de quem infelizmente comete erros tão graves em sua vida. Muitas vezes você não prejudica apenas você mesmo, mas pessoas que você ama e até pessoas que você não conhece.
Quantos relacionamentos não têm sido afetados seriamente porque você resolveu disparar seu desprazer contra alguém. Usamos palavras e gestos de desrespeito, ciúme, ira, violência, orgulho, xingamento, infidelidade, desconfiança, soberba, mentira, engano, vaidade, intolerância, fofocas... E assim vamos ofendendo e maltratando os outros. Porém as consequências vêm, amizades são desfeitas, namoros terminados, casamentos destruídos, empregos perdidos, oportunidades jogadas fora, estudos abandonados e famílias divididas. Depois dos estragos surgem o pesar, a dor, o arrependimento e uma voz no coração – Fiz uma grande besteira.
Sempre tem algum momento em nossas vidas em que todos nós queríamos uma segunda chance. Uma segunda chance pra refazer, pra reconstruir, pra mudar alguma decisão do passado. Não ter escolhido àquele caminho, nem àquelas palavras, muito menos aceitado aquela decisão.
Quero dizer, que você não pode reconstruir o passado, mas você pode construir de forma diferente seu futuro. Antes de agir impulsivamente ou tempestivamente ferindo as pessoas, e muitas das vezes “assassinando” os relacionamentos, pare, reflita e procure avaliar se vale realmente apenas tomar determinadas decisões. Você, sem refletir, e até refletindo já feriu muita gente. Está na hora de pararmos de fazer besteiras com nossa vida. Como diz a letra de uma música popular - Poderia ter sido diferente.
João Maria Martins Bezerra
Pastor/Pedagogo
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